quinta-feira, 1 de julho de 2021

Brasil paga salário mínimo para mais da metade dos jogadores de futebol.

Quinta feira, 1º de julho de 2021.

Uma pesquisa mostra que mais da metade dos atletas que atuam no Brasil tem de se virar com um salário mínimo.

Prestes a completar 36 anos, Luiz Ricardo Bernardes, o Luizão, rodou o Brasil tendo como objetivo tornar-se jogador de futebol. Zagueiro de bons recursos técnicos, atuou em clubes de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul, Roraima e Tocantins. Cansado dos baixos salários, e de muitas vezes não receber sequer o combinado, ele abandonou o futebol em definitivo em 2018. Com três filhos, o ex-defensor trabalha agora como motorista de frete na capital paulista.

O histórico de Luizão representa a dura realidade da maioria dos jogadores que se aventura atrás de uma bola. Uma pesquisa divulgada pela plataforma Cupomvalido.com.br, que reuniu dados da CBF, Statista e Ernst & Young sobre o esporte, mostra que mais da metade dos atletas que atuam no Brasil tem de se virar com um salário mínimo.

Baseado em vencimentos com carteira de trabalho assinada, o levantamento indica que 55% dos boleiros recebem a remuneração de R$ 1.100, não considerando, por exemplo, os direitos de imagem. Entre os jogadores que faturam até R$ 5.000 o porcentual cai para 33%. Somente 12% têm remuneração superior a R$ 5.001.

De acordo com o estudo, o Brasil possui 7.020 clubes registrados, sendo que 874 agremiações são profissionais ativas. A região Sudeste é a que aloja a maior parte desses times (39%) e a que paga melhor também (média de R$ 15 mil). Já os vencimentos mais baixos estão concentrados no Nordeste (em torno de R$ 1.000). O País possui mais de 360 mil atletas registrados, sendo que 25% são profissionais.

DE ZAGUEIRO A MOTORISTA
Atrás do sonho de obter salários de primeiro escalão, Luizão acabou se tornando um andarilho da bola. Essa busca tinha um objetivo claro: despontar nos campos, vislumbrar bons contratos e levar uma vida confortável e glamourosa, a exemplo dos grandes nomes do futebol.

“Tive boas condições de trabalho em Goiás. No Estado de São Paulo, o Noroeste e o Mogi Mirim também ofereceram boa estrutura. Mas nos outros clubes em que passei, só tive problemas: Inter de Limeira, Inter de Santa Maria, Uberaba, Tombense, entre outros. Aí você vai ficando mais velho e não tem mais paciência. Quando o dirigente vem com aquela conversa de que só vai poder pagar depois, já sei onde isso vai terminar. E, no meu caso, tenho família para sustentar”, comentou o ex-zagueiro.

Nesse período em que rodou o Brasil, Luizão disse que os salários giravam em torno de R$ 2 mil. “Às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos”. Desde que decidiu encerrar o ciclo no futebol, a sua vida mudou. E a troca dos campos pelo trânsito de São Paulo foi a opção escolhida para pagar as contas. Com a rotina atual de motorista de uma empresa de fretes, Luizão acorda antes mesmo de o dia clarear. Fonte: AFI;

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