domingo, 26 de outubro de 2014

Pensando em parar, Morais lembra Sobis e afirma: "Futebol é muito sujo"!

DOMINGO, 26 DE OUTUBRO DE 2014.
Ex-atleta de Vasco/RJ e Corinthians/SP está em Maceió após ter rescindido contrato com o América-RN em setembro. Depoimento do atacante tricolor é destacado: "Coragem".
 morais corinthians treino (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Morais conquistou três títulos no Corinthians/SP (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com). 
A temporada do futebol brasileiro está se encaminhando para a reta final. Mas, diferentemente da maioria dos atletas, que está em intensa preparação para os últimos jogos do Brasileirão, o meia Morais, aquele mesmo que brilhou no Vasco e foi campeão da Série B com o Corinthians em 2008, está passando férias em Maceió. Desde que pediu para rescindir seu vínculo com o América-RN, em setembro, o jogador, de 30 anos, retornou à sua cidade natal para “espairecer” e fazer um balanço da carreira. E assim como fez há dois anos, Morais demonstrou mais uma vez estar cansado da bola e admitiu largar o futebol pela segunda vez.

Por telefone, Morais contou ao GloboEsporte.com que a vontade de pendurar as chuteiras, desta vez, surgiu naturalmente. Firme, ele diz que hoje seu pensamento se restringe apenas a curtir a  família. Além de estar vivendo na companhia de sua esposa e filhos, a presença de seus pais no dia a dia, segundo ele, são argumentos fortes que o fazem desconsiderar um retorno à intensa rotina desgastante de um jogador profissional, comparada por ele a um vício.
- Futebol é uma droga muito poderosa. Te vicia muito fácil. Mas o problema é que o nosso grande êxtase são os noventa minutos. O melhor do futebol existe quando você está dentro de campo, jogando. Ali você se desliga do resto do mundo e dá o seu melhor. Mas, quando estamos fora, a rotina acaba com você. Ser jogador não é fácil. São semanas longe de casa, da sua família. Quando você encontra uma folga, e decide sair com seus filhos, vem torcedor pra te cobrar. Isso é muito chato, desgasta você. Honestamente, eu não sei quero mais isso pra mim – conta.
“Sobis falou o que muitos não têm coragem”
Não é a primeira vez que Morais pensa seriamente em parar. Em 2012, ele estava no Bahia, mas várias lesões o impediram de se firmar entre os titulares. A ausência nos gramados, aliada aos problemas de saúde do pai, Manoel, fizeram o meia quebrar seu contrato com o Tricolor e passar seis meses sem atuar. No ano seguinte, ele mudou os planos e retornou ao futebol vestindo a camisa do Atlético-MG.

Novamente vivendo o dilema de continuar ou não no futebol, o meia reforçou as palavras ditas por as palavras ditas por Rafael Sobis em entrevista concedida ao GloboEsporte.com, no último dia 16. Na oportunidade, o atacante do Fluminense reclamou que “as coisinhas do cotidiano do futebol chateiam” e garantiu que não aconselharia seus filhos a seguirem a carreira do pai.
- O Sobis ganhou um fã. O que ele disse naquela entrevista muitos têm vontade de dizer, mas não o fazem porque falta coragem. O mundo do futebol é muito sujo. Os jogadores vivem no limite, mas sabem que é dali que sai o sustento. Tudo o que eu tenho devo ao futebol, mas que ele cansa, cansa. Eu já tinha parado uma vez, voltei, mas o sentimento de estar sendo sugado uma hora volta, e com ele a vontade de não fazer mais parte desse meio.
“Sou realizado”
Morais nunca atuou fora do Brasil. Apesar disso, o alagoano se considera um jogador realizado. Para resumir, ele cita com carinho os momentos que viveu no Vasco da Gama, clube onde esteve entre 2002 e 2008. Foi lá que foi lembrado pela primeira vez por Dunga para a seleção brasileira, ponto alto de sua carreira. Morais esteve no banco no primeiro jogo do treinador, em 2006, contra a Noruega.
Depois, em 2007, seu bom desempenho no time cruzmaltino rendeu uma pré-convocação para a Copa América, mas uma lesão no púbis o tirou da lista definitiva. Em seguida, em 2008, acertou com o Corinthians, onde foi campeão brasileiro da Série B, além de também ter faturado o Paulistão e a Copa do Brasil de 2009.

- Vivi bons momentos na carreira. Todos os jogadores lutam para chegar à Seleção e, graças aos meus momentos no Vasco, alcancei essa meta. Não cheguei a jogar, mas sem dúvida foi uma experiência que guardarei para sempre, fazer parte do grupo que passava por um momento de transição. Infelizmente, quando tive uma chance maior, me lesionei antes da Copa América e acabei cortado. Depois, fui campeão no Corinthians e pude atuar ao lado de um sujeito como o Ronaldo. Tenho boas histórias para contar.
Por Henrique Pereira – Globoesporte.com/Maceió-AL

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