Sábado, 04 de abril de 2020.
Segundo uma nota
técnica emitida pelo órgão, o soro convalescente humano pode ser uma opção para
o tratamento de pacientes graves.
SAÚDE Chris Lemos, da Record TV
Terapia em teste usa sangue de curados para tratar doenças graves da covid-19. Foto: Yan Zheng / EFE-EPA |
A Anvisa definiu
regras para a testagem de uma terapia experimental com plasma, técnica que
utiliza o sangue de pacientes curados do novo
coronavírus para tratar pessoas que tenham sido infectadas pela
doença e estejam em estado grave de saúde.
Segundo o órgão, o
soro convalescente humano apresenta o potencial de ser uma opção para o
tratamento da covid-19, já que os anticorpos (imunoglobulinas) presentes no
plasma convalescente são proteínas que poderiam ajudar a combater a infecção.
O plasma convalescente
é a parte líquida do sangue coletada de pacientes que se recuperaram de uma
infecção e sua administração passiva é um meio que pode fornecer imunidade
imediata a pessoas suscetíveis. No caso da covid-19, trata-se de um produto que
pode estar rapidamente acessível, à medida que exista um número suficiente de
pessoas que se recuperaram da doença e que possam doar o plasma contendo
imunoglobinas que reajam contra o vírus.
O procedimento - já
posto em prática com sucesso para o tratamento da SARS (Síndrome Respiratória
Aguda Grave) e nas epidemias de ebola e H1N1 - foi adotado pelo Hospital Policlínico de Pavia, na Lombardia,
região situada no norte da Itália. A primeira doação recebida pelo
centro médico foi de um casal de médicos, de acordo com relatos da mídia
italiana.
A nota técnica emitida
pela Anvisa ressalta que o método deverá ter a sua eficácia aprovada pelo CFM
(Conselho Federal de Medicina) e Ministério da Saúde, mas pode ser utilizado em
caráter experimental, mediante a adesão às normas previstas para a realização
de pesquisa em seres humanos no Brasil.
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Outra abertura para o
uso do tratamento é durante situações especiais, considerando a emergência
de saúde pública, a gravidade da doença e a condição de risco iminente à
vida do paciente.
A decisão por
utilizar o plasma convalescente para a covid-19 poderá ser tomada sob
responsabilidade do profissional médico, esclarecendo-se o caráter experimental
e os riscos envolvidos, mediante consentimento dos pacientes ou seus
familiares, além de conformidade com as regras de produção e qualidade
aplicados em serviços de hemoterapia, serviços assistenciais de saúde e os
requisitos para segurança daquele que receberá o tratamento.
Uso nos EUA
A FDA (Food and Drug
Administration, na sigla em inglês), a agência reguladora dos Estados Unidos,
foi a primeira a publicar orientações para o uso do plasma convalescente,
enfatizando o empenho do órgão em fazer todo o possível para possibilitar
respostas oportunas à pandemia de covid-19, além de facilitar o acesso aos
produtos investigacionais para pacientes graves da doença ou com risco de
morte iminente.
Segundo a FDA, o
plasma convalescente está sendo investigado para o tratamento da covid-19
porque não há tratamento aprovado para esta doença e há estudos
que sugerem o potencial do uso deste material.