sábado, 5 de outubro de 2019

Carrasco de brasileiros, Cabañas retoma vida no México quase dez anos após levar tiro na cabeça!


Sábado, 05 de outubro de 2019.
Ex-atacante paraguaio é o auxiliar técnico do Cafetaleros de Chiapas, demonstra carinho pelo Brasil, é parceiro do meia Bruno Tiago e sonha com novos desafios na vida profissional e pessoal.

Em janeiro de 2010, em um bar na Cidade do México, o então atacante do América-MEX Salvador Cabañas levou um tiro na cabeça, algo que mudou para sempre sua vida. Ficou em situação delicada, sua vida esteve sob risco. Tentou voltar a jogar (inclusive no Tanabi, de São Paulo), sem sucesso, perdeu quase tudo. Viu a fama e o dinheiro se transformarem em esquecimento e dificuldades. Quase dez anos depois do atentado que sofreu, ele voltou ao México e ao futebol. Mas desta vez para trabalhar fora das quatro linhas, como auxiliar técnico no Cafetaleros de Chiapas.
Cabañas tenta escrever no México novos capítulos da sua história pessoal e profissional, em um clube novo e com aspirações maiores (veja abaixo mais sobre o Cafetaleros de Chiapas). Querido por todos no elenco, ele tem relação especial com um brasileiro, Bruno Tiago. Nas resenhas diárias, o Brasil sempre está no assunto.
 Bruno Tiago posa para foto com Cabañas — Foto: Arquivo Pessoal
Bruno Tiago posa para foto com Cabañas — Foto: Arquivo Pessoal
O paraguaio já foi carrasco de Flamengo e Santos na Copa Libertadores, e da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Sobre o Rubro-Negro, a histórica vitória por 3 a 0 no Maracanã nas oitavas de final da Libertadores de 2008, na despedida do técnico Joel Santana (havia acertado com a seleção da África do Sul), ainda está na memória do ex-atacante.
- É um cara que temos maior carinho, respeito. E automaticamente brinco muito com ele. Tem até um fato que conversamos em uma viagem. Ele até falou quando foi jogar contra o Flamengo pelo América-MEX, que tinha uma festa feita para o treinador (Joel Santana). Os brasileiros o chamavam de gordinho, e depois pela seleção paraguaia acabou fazendo gol sobre o Brasil - disse Bruno Tiago.

Cabanãs foi o carrasco da eliminação do Flamengo na Libertadores de 2008 e também do Santos. Nas quartas de final, no México, ele fez os dois gols na vitória por 2 a 0 no jogo de ida sobre o Peixe. Na volta, o América perdeu por 1 a 0 e avançou. Nas eliminatórias para a Copa de 2010, o Paraguai venceu o Brasil em Assunção por 2 a 0, o ex-atacante deixou sua marca. Mas o sentimento com o Brasil é de muito carinho, segundo Bruno Tiago:
- Ele tem um carinho enorme pelo Brasil, é uma coisa admirável. Sobre o carinho que tem pelos brasileiros, pergunto qual é o motivo. Ele diz: "Ir ao Brasil, jogar contra o Flamengo no Maracanã, jogar em times brasileiros sempre foi uma vontade que eu tive. Infelizmente não consegui realizar esse sonho. Mas o Brasil é um lugar que amo e tenho maior carinho, pela alegria das pessoas, a felicidade que tem na arquibancada". É legal a gente ver que um cara com a potência dele, o nome dele, ter esse carinho todo pelo nosso país.
 Cabañas comandou o América-MEX em grande vitória sobre o Flamengo em 2008 — Foto: AP
Cabañas comandou o América-MEX em grande vitória sobre

 o Flamengo em 2008 — Foto: AP

Cabanãs trata a oportunidade no Cafetaleros de Chiapas como a maior chance de voltar a ter uma carreira no futebol. É próximo aos jogadores, tenta passar tudo o que viveu no mundo da bola, aproveita ao máximo o contato com o técnico argentino Gabriel Pereyra. Quer fazer parte do crescimento do clube, quer crescer fora das quatros linhas para seguir seu próprio e novo caminho:
- O mais legal disso tudo é que sempre tenta aprender bastante, buscando alternativas, conhecimento com outros treinadores, ouvindo bastante os jogadores. É uma coisa que ele já passou, tem muito mais conhecimento do que a gente. É uma coisa que agrega muito para o vestiário. Tem um peso muito grande, você olhar para o banco de reservas e ver a imagem dele. Cabañas, sempre que pode, senta com dois ou três para conversar. Passa um pouco o que ele vê do lado de fora do campo, acaba com uma visão um pouco melhor. E a gente acaba aceitando numa boa, agregando coisas positivas.  
Por Rodrigo Cerqueira — Rio de Janeiro

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