Sábado, 20 de novembro de 2021.
Por AFP - São Paulo, SP
Técnico Alberto Valentin. |
Ele assumiu o cargo na
reta final da Copa
Sul-Americana, quando outros já haviam feito grande parte do trabalho
duro. Mesmo assim, Alberto Valentim manteve o Athletico
Paranaense no rumo para conquistar o bicampeonato
continental e erguer seu primeiro grande título como técnico.
Por ironia do destino,
Valentim se consagrou como técnico diante do Bragantino,
time contra o qual estreou como jogador profissional, quando os paulistas nem
desconfiavam que iriam fazer parte do projeto esportivo da multinacional
austríaca Red Bull.
Naquele domingo, 18 de
agosto de 1996, ao defender o Atlético Paranaense, que voltava à Série
A, o lateral-direito em ascensão contribuiu na vitória por 3 a 1 sobre
os paulistas, em Curitiba.
Um quarto de século
depois, sentado no banco do lendário Estádio Centenário, em Montevidéu, repetiu
a dose para fazer do Furacão o primeiro bicampeão brasileiro da Sul-Americana,
após a taça conquistada em 2018.
“Tenho uma expectativa
muito grande, no caso de um título internacional seria espetacular
conquistá-lo”, havia dito ele nos preparativos para a final brasileira.
Essa “expectativa
muito grande” agora é uma certeza. Aos 46 anos, Valentim colocou seu nome no
Olimpo do time rubro-negro, equipe que marcou o seu percurso como jogador e
cujo comando assumiu em outubro após a demissão do português António Oliveira.
Aterrissagem
confusa
Junto com o veterano
Paulo Autuori, o português levou os paranaenses às quartas de final da
Sul-Americana, mas deixou o comando no dia 8 de setembro, alegando cansaço
devido ao apertado calendário brasileiro e em meio a uma série de reveses em
torneios locais.
Autuori classificou o
time para a final e passou o bastão a Valentim, considerado um dos melhores
laterais-direitos do Furacão e venerado pela torcida durante suas duas
passagens curtas pelo clube (1996-99 e 2008-09).
“É um sentimento
pessoal extremo. Com o Athletico, queira ou não queira, tem um gosto diferente,
pelo fato de eu ter sido atleta aqui”, explicou o treinador, que pendurou as
chuteiras em 2009, vestido de rubro-negro, após uma carreira que incluiu
passagens pela Itália na Udinese e no Siena.
Embora seu passado
parecesse garantir uma aterrissagem serena, alguns torcedores não o receberam
com o mesmo entusiasmo com que o aplaudiram quando deixou os campos.
Experiências regulares
à frente de Red Bull Brasil (que se fundiu com o Bragantino em 2019), Botafogo, Vasco da Gama, Avaí e Cuiabá, além de
uma passagem rápida pelo Pyramids do Egito, causaram receio quando Valentim
voltou para casa.
Decolagem
motivadora
Muitos pediram um
técnico com uma bagagem repleta de troféus, mas Valentim tinha apenas alguns
títulos estaduais: o Carioca de 2018 com o Botafogo, a Taça Guanabara de 2019
com o Vasco e o Matogrossense de 2021 no comando do Cuiabá.
Mas, graças aos
resultados, este amante da música sertaneja e do cinema – diz que “Um Sonho de
Liberdade” e “A vida é Bela” são os “melhores filmes da história” – começou a
silenciar os críticos.
O primeiro golpe veio
em outubro, quando o Athletico-PR se classificou para a final da Copa do
Brasil, que será disputada contra o Atlético-MG,
após eliminar o Flamengo no
Maracanã. E, agora, com o segundo título sul-americano, conseguiu uma vaga
na Libertadores de
2022.
“O Alberto está
chegando agora para formar, para nos ajudar, é um cara de bem”, disse à AFP o
meia Nikão, outro ídolo rubro-negro eternizado após a conquista do título em
que foi o autor do único gol na final.
“É um cara que está sempre em cima. Sem dúvida alguma é um cara que vai dar muitas alegrias para o clube”, acrescentou.
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