Levantamento do Portal 2014 nas 12 sedes da Copa indica que as obras dos estádios estão longe de deslanchar. O prazo da Fifa para o início das construções, demolições ou reformas terminou hoje, dia 1º de março. No entanto, atrasos nos editais, indefinição de projetos e busca de parcerias levaram as capitais a estourar o limite.
A situação é mais grave em Natal e no Rio de Janeiro, cidades que nem mesmo lançaram os editais de licitação. O governo potiguar teve que desistir de um modelo em que a iniciativa privada bancaria a construção do estádio, e agora tenta viabilizar uma parceria público-privada. No Rio, após uma série de indefinições sobre o projeto, a interdição do Maracanã foi marcada somente para agosto.
Uma das concorres à abertura do Mundial, Brasília teve o edital do estádio cancelado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal. Mesmo assim, o comitê aposta que as obras começarão em maio.
A situação é um pouco melhor em Cuiabá, Fortaleza e Manaus, que pretendem encerrar neste mês o processo licitatório e começar as obras entre março e abril. Já Recife teve que alterar o edital, o que empurrou o início das obras para 10 de maio.
Até o momento, Belo Horizonte foi a única capital a montar o canteiro de obras. No entanto, a maior parte do projeto ainda não foi detalhada e as intervenções mais complexas devem começar apenas em 12 de junho.
Nem mesmo Salvador, primeira cidade a encerrar o processo licitatório, tem data para o início das obras. O consórcio vencedor diz que as demolições ainda dependem de licenças ambientais e alvarás.
Estádios privados
A situação das sedes com estádios privados é diferente. Cuiabá, São Paulo e Porto Alegre afirmam que as obras já começaram e estão adiantadas em relação às outras capitais.
No entanto, o Atlético-PR e o Internacional se recusam a tomar emprétimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para reformar a Arena da Baixada e o Beira-Rio, o que deixa a conclusão dos estádios para uma data indefinida. Já o São Paulo FC (Morumbi) disputa uma queda-de-braço com a Fifa para ter o seu projeto de remodelação aprovado. Até agora, apenas alguns setores do estádio seguem os padrões de qualidade da entidade mundial.
Alerta amarelo
O atraso das obras já chamou atenção do governo federal, que fez questão de colocar a responsabilidade nos comitês locais. Em 11 de fevereiro, o ministro Orlando Silva Jr. (Esporte) acendeu um “alerta amarelo”. “Tenho acompanhado com atenção os editais de licitações dos estádios. Vi que muitos trazem datas posteriores a 1º de março, limite imposto pela Fifa, para o início das obras dos estádios da Copa”, afirmou.
Duas semanas depois foi a vez de a Fifa atacar a demora. Em reunião na África do Sul, o secretário-geral da entidade, Jerôme Valcke, advertiu que as cidades-sede do Mundial estão perdendo tempo e correm o risco de não entregar o que prometeram. "Está claro que ainda não começaram os trabalhos nos estádios,” disse.
Prazos
Segundo especialistas, após a publicação do edital de licitação há um prazo de 45 dias até a abertura dos envelopes com as propostas das construtoras. Depois disso, a comissão de licitação tem até 30 dias para definir o vencedor, dar prazo às reclamações e assinar o contrato. O estádio Engenhão, por exemplo, construído para os Jogos Pan-americanos de 2007, foi executado em três anos, incluindo seis meses de negociações para as desapropriações.
Confira a situação das 12 cidades-sede:
Belo Horizonte
Na versão oficial, as obras do Mineirão começaram em 26 de janeiro, com correções e reforços estruturais. No entanto, o início das intervenções mais complexas, como o rebaixamento do gramado e a demolição da arquibancada, foram marcadas somente para 12 de junho. O detalhamento do projeto ainda está em elaboração e o governo de Minas tenta emplacar uma parceria público-privada para tocar as obras e a gestão do estádio.
Brasília
A crise política no Distrito Federal afetou o cronograma da capital. O Tribunal de Contas distrital cancelou a segunda fase da licitação do Estádio Nacional de Brasília, alegando ausência de um projeto básico e de um orçamento detalhado. Mesmo assim, o comitê local garante que as obras começarão entre março e abril.
Cuiabá
O governo estadual promete iniciar as obras do Verdão em 23 de março. O consórcio vencedor deve ser conhecido no dia cinco do mesmo mês. Depois disso, haverá prazo de cinco dias úteis para contestação e mais seis dias úteis para homologação e assinatura do contrato.
Curitiba
Curitiba enfrenta um impasse. O Atlético Paranaense se recusa a bancar os R$ 90 milhões necessários para a adequação da Arena da Baixada às exigências da Fifa. A prefeitura, por sua vez, se comprometeu apenas a realizar as obras do entorno, deixando os investimentos no estádio para o clube. Para isso, o Atlético busca parcerias e tenta fechar um contrato de naming rights. A definição do modelo de investimento deve sair somente após o Mundial da África do Sul.
Fortaleza
A reforma do Castelão deve começar apenas em abril. O edital de parceria público-privada foi lançado em 30 de dezembro, mas passou por ajustes que ampliaram o cronograma. O governo conhecerá as propostas de preço em 16 de março.
Manaus
No final de dezembro, o Ministério Público Federal viu inconsistências no edital de pré-qualificação para a construção da Arena Amazônia, levando o estado a cancelar a seleção prévia de empresas, o que adiou o processo. O vencedor da concorrência deve ser conhecido na próxima quinta-feira (4/3). As obras têm previsão de início no final de março ou começo de abril.
Natal
Das sedes com estádios públicos, Natal é uma das retardatárias. O edital de licitação será lançado em abril, o que adiaria o começo das obras para o mês de junho. O governo do Rio Grande do Norte não fixou data para o início do empreendimento.
Porto Alegre
As obras do Beira-Rio seguem paralisadas por dificuldades financeiras. A venda do estádio dos Eucaliptos, que pode render R$ 20 milhões, esbarra em pendências com a Justiça. O clube foi o único a recusar empréstimo do BNDES. Além disso, pleiteia isenção fiscal para a compra de materiais de construção.
Recife
A construção da Arena Capibaribe deve começar somente em 10 de maio. O estádio será construído em São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife. Segundo o comitê local, adiamentos na publicação do edital e modificações sugeridas pelo Ministério Público Federal provocaram os atrasos.
Rio de Janeiro
Na prática já escolhido como palco da final, o Maracanã é um dos estádios da Copa mais atrasados. O projeto da reforma passou por diversas reformulações desde maio de 2009 e foi divulgado somente em janeiro deste ano. A data de lançamento do edital, no entanto, segue indefinida.
Complica a situação do Maracanã a decisão do governo de interditá-lo apenas em agosto. Técnicos da Empresa de Obras Públicas do estado (Emop) afirmam que hoje começam os serviços de sondagem, passo fundamental para a elaboração do projeto.
Salvador
Primeiro estádio com processo de licitação concluído, a Fonte Nova ainda não tem data para sair do papel. Segundo o consórcio formado por OAS e Odebrecht, a instalação do canteiro de obras depende de licenças ambientais e de alvarás municipais e estaduais. O governo da Bahia promete o início para abril. Já o consórcio prefere não estabelecer datas.
São Paulo
A diretoria do São Paulo FC afirma que o Morumbi está adiantado em relação a outros estádios da Copa. No entanto, o projeto segue sob críticas da Fifa e passou por ao menos duas revisões. A última delas, em fevereiro, criou um imbróglio entre o clube e a entidade. O SPFC afirma que o projeto recebeu o aval, inclusive para uma das semifinais. Já o executivo da Fifa responsável pelo Mundial, Jerôme Valcke, diz que o estádio tem capacidade somente para jogos até as oitavas.
De qualquer modo, o BNDES já aprovou R$ 150 milhões para as obras do Morumbi. Para se adequar às exigências da Fifa, até o momento o clube instalou 9.254 cadeiras, reformou oito sanitários, conclui 45 camarotes nos setores térreo e intermediário e melhorou o ângulo de visão do pavimento inferior.
Fonte: Site da Copa 2014