DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014.
A cada partida valendo
pelo Campeonato Potiguar, um árbitro recebe R$ 450,00 e, em casos de clássico
rei (ABC x América), o valor sobe para R$ 700,00. Já para os assistentes, o
valor é menor: R$ 225,00 em partidas comuns e R$ 350,00 em clássicos. Os valores
são considerados baixos e forçam os profissionais desempenharem outras funções
que, geralmente, têm ligação com a Educação Física. Apesar disso, há quem sonhe
em ser árbitro ou assistente e, para isso, até mudam de cidade.
A ex-jogadora
paulista Bruna Sales tenta ser auxiliar no RN
É o caso da
ex-jogadora de futsal, Bruna Sales, 23 anos. Há dois meses, Bruna saiu de São
Paulo-SP e veio morar na capital potiguar com o objetivo de se tornar
assistente de arbitragem. “Sempre gostei de futebol. Eu amo esse mundo e é com
isso que quero trabalhar”, afirma. “Soube que existia o curso em Natal e decidi
vir embora”, acrescenta. Em Natal, Bruna mora com o pai. A mãe e amigos ficaram
em São Paulo. O curso de arbitragem é oferecido pela Ceaf e a última turma teve
início em outubro passado. As aulas vão até setembro do próximo ano e Bruna
sonha alto. “Se o melhor é ser assistente da Fifa, é assim que vou pensar e
correr atrás”, garante. Antes de “chegar lá” – onde a participação em uma
partida rende pagamento de R$ 3.800,00 – é preciso muito trabalho e dedicação.
“Sei disso e vou estudar bastante para me qualificar”, diz a estudante. Bruna
esteve na pista de atletismo da UFRN, no último fim de semana, para acompanhar
a “peneira” dos profissionais que vão trabalhar próximo ano. Viu de perto como
é feito a seleção e lembrou de algumas situações que já vivenciou quando fez a
assistência de algumas arbitragens em campeonatos de futebol amador. “Já me
xingaram algumas vezes. Houve um jogo que foi preciso chamar reforço policial,
pois a torcida estava nervosa”, conta. Bem humorada, Bruna lembra ainda que
ainda sente saudades de jogar. “Quando estou na quadra ou campo, às vezes
esqueço que não sou jogadora. Uma vez a bola veio em minha direção e quase
chuto. Foi engraçado porque fiquei sem saber o que fazer”, diz. A ex-atleta e
futura “bandeirinha” diz ainda que sente saudades de São Paulo, mas não vai
desistir do sonho de ser assistente de arbitragem. O fato de estar em um
ambiente predominantemente masculino não incomoda. “Hoje em dia está mais
tranquilo. Não é comum árbitras, mas assistentes mulheres estão cada dia mais
fácil de encontrar. O ambiente é mais masculino, mas não gosto desse meio. É
onde quero estar”, conclui.
Quadro
Atualmente, 6 árbitros
ligados a FNF pertencem ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Além disso, outros 12 assistentes, sendo 10 homens e 2 mulheres, também fazem
parte do quadro nacional.
Por Alex Régis - Tribuna do Norte (Natal).