Domingo, 07 de junho de 2020.
Especialistas alertam
que, mesmo em ritmo acelerado, o desenvolvimento de uma vacina pode ser
demorado ou, pior ainda, simplesmente não ocorrer.
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Não há garantias de que uma vacina contra a covid-19 será encontrada. EPA/BBC BRASIL. |
Milhões de pessoas em
todo o mundo têm a esperança de que uma vacina acabe com a pandemia da covid-19.
Especialistas
alertaram que, mesmo em ritmo acelerado, o desenvolvimento de uma vacina pode
ser demorado ou, pior ainda, simplesmente não ocorrer.
"Pode se tornar
outro vírus endêmico em nossas comunidades e esse vírus pode nunca mais
desaparecer", disse o diretor de Emergências Sanitárias da OMS
(Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan.
Embora a possibilidade
de conviver com esse vírus possa ser devastadora para muitos, em um momento em
que o número de infecções confirmadas é superior a 5,4 milhões e o número de
mortos é de cerca de 350 mil, na realidade, não seria um caso isolado.
A busca por uma vacina
pode durar anos e até décadas.
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Alta taxa de mortalidade do Ebola forçou medidas extremas de controle da saúde. Foto: Reuters |
Em alguns casos, esse
processo é inútil, enquanto em outros acaba produzindo bons resultados. Foi
exatamente o que aconteceu com o vírus Ebola.
Detectado pela
primeira vez em 1976 e com uma taxa de mortalidade de 50%, somente neste ano
alguns países, sob a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram
autorizados a produzir uma vacina para preveni-lo.
A BBC News Mundo,
serviço em espanhol da BBC, fala sobre
outros quatro vírus potencialmente mortais que ainda não podem ser combatidos
da mesma maneira, mas com os quais foram encontradas maneiras de conviver.
1. HIV
Mais de 30 anos se
passaram desde que os cientistas conseguiram isolar o HIV, que causa a síndrome
da imunodeficiência adquirida (Aids).
Sua aparição causou
grande alarme porque, durante anos, seu contágio equivalia a uma sentença de
morte.
Este vírus foi a causa da morte de mais de 32 milhões de
pessoas, segundo
dados da OMS.
Também teve um impacto
significativo no cotidiano das pessoas, pois as obrigou a modificar alguns
hábitos sexuais, uma vez que essa era uma de suas principais vias de contágio.
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Tom Hanks e Denzel Washington em cena do filme Filadélfia. |
O fato de muitas de
suas primeiras vítimas mais famosas serem homens gays também causou
inicialmente um forte estigma social sobre a doença. A ponto de alguns meios de
comunicação se referirem à Aids como "câncer gay".
Quase quatro décadas
depois, ainda não há vacina contra o HIV e, com cerca de 40 milhões de pessoas
infectadas em todo o mundo, esse vírus está longe de desaparecer.
No entanto, o
desenvolvimento de melhores métodos de prevenção de contágio e tratamentos que
reduzam sua letalidade levou a infecção pelo HIV a se tornar um problema de
saúde crônico que não impede os infectados de levar uma vida normal e saudável.
Recentemente, além
disso, houve dois casos de pessoas que foram curadas por tratamentos com
células-tronco - embora especialistas alertem que esta terapia é muito
arriscada e não pode ser aplicada de maneira genérica para tratar todos os
casos de HIV.
2. Gripe aviária
Desde o final dos anos
1990, foram detectadas duas cepas de gripe aviária que infectaram e mataram
muitas pessoas.
São vírus transmitidos
entre aves que, por sua vez, os transmitem aos seres humanos por contato direto
ou por objetos infectados com as fezes de animais doentes.
Em 1997, os primeiros
casos de infecção pelo vírus H5N1 foram detectados em Hong Kong, levando ao
abate de todas as galinhas da ilha.
Desde então, foram
relatados casos em mais de 50 países da África, Ásia e Europa, com uma taxa de
mortalidade de 60% em humanos.
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Surtos de gripe aviária forçaram o abate de milhares de aves. AFP/BBC Brasil |
A cepa A H7N9 foi
detectada pela primeira vez em maio de 2013 na China, onde desde então foram
relatados alguns surtos esporádicos.
Segundo a OMS, entre
2013 e 2017, ocorreram 1.565 infecções humanas confirmadas, das quais 39%
resultaram em morte.
Embora ambas as cepas
apresentem uma alta taxa de mortalidade, de acordo com a OMS, é incomum que
esses vírus se espalhem por contato pessoa a pessoa.
Uma vez que isso foi
provado, ficou mais fácil interromper sua propagação.
3. SARS
Identificado pela
primeira vez em 2003, o SARS-CoV é um tipo de coronavírus que se acredita ter
sido transmitido aos seres humanos por um animal, provavelmente um morcego.
As primeiras infecções
foram registradas em 2002 na província chinesa de Guangzhou.
Esse vírus causou uma
epidemia de síndrome respiratória aguda grave (SARS, por sua sigla em inglês)
que em 2003 afetou 26 países com um total de mais de 8 mil casos.
Desde então, um
pequeno número de contágios foi registrado.
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Assim como na covid-19, acredita-se que o vírus causador da SARS venha do Morcego. EPA/BBC Brasil. |
Ao contrário da gripe
aviária, esse vírus é transmitido principalmente pelo contato humano e, de
fato, muitos dos casos ocorreram nos centros de saúde, pois as precauções
necessárias não foram tomadas para impedir sua propagação.
Segundo a OMS, depois
de adotadas essas medidas, a epidemia terminou em julho de 2003.
Até então, mais de
8.400 casos haviam sido confirmados, causando 916 mortes, com uma taxa de
mortalidade de 11%.
4. MERS
O MERS-CoV também é um
tipo de coronavírus. Foi detectado pela primeira vez em 2012 e é a causa de uma
doença conhecida como síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, por sua sigla
em inglês).
É um vírus com uma
alta taxa de letalidade: entre os 2.494 casos confirmados que ocorreram no
mundo até novembro de 2019, foram registradas cerca de 858 mortes.
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Epidemias de SARS e MERS tornaram o uso de máscaras como medida preventiva. EPA/BBC Brasil. |
O vírus foi detectado
pela primeira vez na Arábia Saudita, mas logo foram encontrados casos em 27
países, incluindo 12 no Oriente Médio.
Segundo a OMS, a
maioria dos casos detectados em países fora do Oriente Médio eram de pessoas
que tinham sido infectadas naquela região.
O vírus é transmitido
principalmente de animais para pessoas e, especificamente, acredita-se que os
dromedários sejam a principal fonte de contágio.
A disseminação de
humano para humano é rara, a menos que haja contato próximo sem medidas
profiláticas adequadas.
No caso do MERS, assim
como no SARS, após o controle da epidemia, os esforços para desenvolver vacinas
foram suspensos.
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SAÚDE - por BBC NEWS BRASIL