Segunda feira, 27 de abril de 2020.
Cuca disse que tem vontade de voltar a dirigir o Atlético/MG, no futuro. |
Campeão da Copa
Libertadores de 2013 pelo Atlético/MG, o técnico Cuca lembrou
de um episódio marcante na história do clube. Há quase oito anos, na tarde de 4
de junho de 2012 (segunda-feira), Ronaldinho Gaúcho descia a
um dos campos da Cidade do Galo para bater bola com os novos companheiros,
quatro dias depois de obter rescisão liminar do contrato de trabalho com o
Flamengo.
Em entrevista ao canal
do jornalista Jorge Nicola no YouTube, Cuca disse que não pensou
duas vezes em procurar Assis, irmão e empresário do craque, e
também Alexandre Kalil, então presidente do Galo. O objetivo era
incorporar um “cabeça pensante” ao grupo que vislumbrava boa campanha no
Campeonato Brasileiro.
“Quando vi que
Ronaldinho saiu do Flamengo, liguei para o Kalil, que estava negociando com
o Juninho Pernambucano. A gente precisava de um 10, de um cabeça pensante, de
um cara bom na bola parada. Liguei e disse: ‘Kalil, apareceu o 10’. ‘Quem é?’,
ele perguntou. Falei: ‘Ronaldo’. Tem certeza? Sim. Em dois dias o Kalil
pôs ele lá dentro”, contou Cuca, detalhando, em seguida, como foi o
primeiro dia de Gaúcho no centro de treinamento em Vespasiano.
“Nunca vou esquecer.
Ele desceu pro campo e ficou batendo papo com os caras. O Victor (goleiro)
estava com a bola lá no outro gol, pois estava treinando com o Chiquinho. Aí
o Ronaldo levantou a mão e gritou: ‘Victooor!”. O Victor deu de esquerda,
forte, de uns 50 a 60 metros, e o Ronaldo dominou a bola entre as coxas
e a prendeu. Os guris que estavam ao lado caíram para trás (impressionados)
e começaram a dar risada. Assim foi a apresentação dele lá”.
Ronaldinho marcou 28 gols e deu 31 assistências em 88 jogos pelo Atlético. |
Na primeira temporada
pelo Atlético, o sorridente Ronaldinho vestiu a camisa 49 em
homenagem à mãe, Dona Miguelina, nascida em 1949. No Campeonato Brasileiro, o
Bruxo marcou nove gols e deu 14 assistências, além de encantar a
torcida com a plástica de dribles curtos, lançamentos milimétricos e domínio de
bola. O alvinegro brigou pelo título até as últimas rodadas e
ficou em segundo lugar, com 72 pontos, cinco a menos que o campeão Fluminense.
Em 2013, Ronaldinho
vestiu a 10 - tal como foi ao longo de toda a carreira - e liderou o Atlético nos
títulos do estadual e da Libertadores. Em 38 partidas, fez 17 gols e colaborou
com 16 assistências. O prestígio do melhor jogador do mundo em 2004
e 2005 era tão grande que, frequentemente, ele se livrava de “multas”
por alguma conduta inadequada. Cuca revelou que abria exceções quando R10
fazia gol ou tinha participação decisiva em vitórias do time. E os
colegas de grupo, garante o técnico, divertiam-se com o craque.
“Depois do jogo, de
uma vitória, ele vinha até a mim, sorrindo, e falava. 'E aí, Cuca? Como é que
é? E a multa?' Era uma gargalhada só (dos colegas no vestiário). O Galo
deu o lugar dos sonhos ao Ronaldo, que se divertiu jogando futebol”.
Cuca citou também os
nomes de outros atletas que se destacaram no Atlético sob o seu comando.
“Ronaldinho, Jô, Tardelli, Bernard, Guilherme… o time era bom demais, rapaz.
Pierre, Donizete, Júnior César, Marcos Rocha, Leo, Réver, Victor. Aí, já
escalei o time”.
Voltaria ao
Atlético?
Antes de trabalhar no
Atlético, Cuca carregava o rótulo de "azarado", pois
costumava conduzir suas equipes a boas campanhas nas competições, mas sem
levá-las ao título. A "maldição" foi quebrada justamente com a Copa
Libertadores, em que o Galo se apoiou no mantra do "eu,
acredito!" e conseguiu classificações históricas, como a defesa de Victor
em pênalti de Riascos no último minuto do jogo contra o Tijuana (quartas
de final), e as vitórias nos pênaltis sobre Newell's Old Boys (semifinal)
e Olimpia (final).
Em 153 jogos à frente
do time alvinegro, Cuca contabilizou 80 vitórias, 34 empates e 39
derrotas. Em razão do sucesso e da identificação, o treinador de 56
anos pretende retornar ao Galo futuramente, desde que seja
procurado por dirigentes.
Redação /Superesportes