Quarta feira, 25 de novembro de 2020.
No começo da tarde
desta quarta-feira (25), o jornal argentino Clarín informou a morte do ídolo do
futebol mundial.
Agência Futebol
Interior Publicado em 25/11/2020.
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Morre Diego Armando Maradona após sofrer uma parada cardiorrespiratória. |
O ídolo do
futebol argentino Diego Armando Maradona morreu nesta
quarta-feira em Buenos Aires. Aos 60 anos, completados no mês
passado, ele vinha trabalhando como técnico do Gimnasia La Plata e lutava
contra uma série de problemas de saúde. Ele faleceu depois de sofrer parada
cardiorrespiratória.
Maradona havia deixado
o hospital há duas semanas após ser internado para tratar hematoma no cérebro.
Depois disso, o camisa 10 da Argentina foi levado para casa, na cidade de
Tigre, região metropolitana de Buenos Aires, para terminar sua recuperação.
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Pelé e Maradona recebem troféus no Oscar dos Esportes em Milão, na Itália, em março de 1987. Foto: AP/Arquivo |
Polêmico e gênio da
bola, ele transcendeu o universo do futebol e entrou para a história como um
dos maiores de todos os tempos. Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 e
passou a infância em Villa Fiorito, na periferia de Buenos Aires. Ali, começou
a se destacar por sua habilidade com a bola nos pés. Nesta época, o seu maior
ídolo era o brasileiro Roberto Rivellino, canhoto como ele. No livro "Yo
Soy el Diego de la Gente", ele reverencia Rivellino.
"Sempre o
menciono como um dos maiores. Ele teve elegância e rebeldia. Ele se rebelou
contra os poderosos", disse Maradona. Na Copa de 70, então com dez anos,
Maradona ficou encantando com os "elásticos" de Rivellino, no México.
Quase duas décadas
depois, também no México, foi a vez de ele se consolidar como uma estrela do
futebol, quando como capitão da seleção argentina levantou a Copa do Mundo em
1986. Foi lá que marcou seus gols mais famosos: o polêmico com a "mão de
Deus" e outro no qual saiu driblando os adversários desde o meio de campo,
ambos contra a Inglaterra.
ÍDOLO MAIOR
Na Argentina, Maradona despertou devoção e paixões a ponto de alguns fãs terem
criado a Igreja Maradoniana, cujos fiéis o consideram seu deus. "Gostaria
de ver Diego para sempre, driblando por toda a eternidade", cantou a banda
de rock Ratones Paranoicos, em uma das dezenas de canções feitas em homenagem
ao camisa 10.
Pela seleção
argentina, ele chorou de raiva ao receber a medalha de vice na Copa do Mundo da
Itália, em 1990. Jogou outros dois Mundiais: Espanha-1982 e Estados
Unidos-1994, quando pronunciou a frase "cortaram minhas pernas",
depois de testar positivo no controle antidoping para efedrina, em meio a um
momento de renascimento no futebol. Mais tarde, como treinador, comandou a
seleção nacional entre 2008 e 2010, até a Copa do Mundo na África do Sul, com
Lionel Messi em campo. Mas seu destino foi selado com uma dura derrota para a
Alemanha nas quartas de final.
Maradona disputou 676
partidas e marcou 345 gols em 21 anos de carreira, entre seleção e clubes. Ele
deu os primeiros passos nas divisões de base do Argentinos Juniors, clube pelo
qual estreou na primeira divisão aos 15 anos, em 20 de outubro de 1976. Seguiu
para o Boca Juniors (1981-1982), onde conquistou um campeonato nacional.
Transferido para o Barcelona (1982-1984), foi contratado em seguida pelo
italiano Napoli (1984-1991), onde virou ídolo.
Mas, em 17 de março de
1991, seu vício em cocaína custou-lhe a primeira suspensão. Voltou aos gramados
atuando pelo espanhol Sevilha (1992-1993) e de lá retornou à Argentina para uma
breve passagem pelo Newell's Old Boys em 1993. Depois da Copa do Mundo de 1994
e da segunda sanção por doping, vestiu mais uma vez a camisa do Boca, onde
deixou os gramados em 25 de outubro de 1997, cinco dias antes de seu 37.º
aniversário. Em uma despedida memorável em 2001, dentro do estádio La Bombonera
lotado, Maradona falou sobre seus vícios. "Errei e paguei, mas o que fiz
em campo não se apagou".
Maradona foi mais do
que um grande jogador. Indomável, enfrentou o poder do futebol mundial,
desafiou o establishment, abraçou líderes da esquerda latino-americana, fez
amizade com Fidel Castro, tatuou Che Guevara e é o ídolo de figuras lendárias
do esporte.
PROBLEMAS
Em 2000, o argentino sofreu um ataque cardíaco devido a uma overdose no resort
uruguaio de Punta del Este. Fez um longo tratamento, com idas e vindas a
Havana, longe das câmeras. Pesando 100 quilos, outra crise cardíaca e
respiratória o surpreendeu em 2004 em Buenos Aires e o deixou à beira da morte.
Recuperado, fez uma
cirurgia bariátrica e perdeu 50 quilos, para retornar um ano depois como
apresentador de televisão. Em 2007, os excessos no consumo de álcool o levaram
a uma nova hospitalização, agora por hepatite. Foi internado em um hospital
psiquiátrico. Saiu novamente.
Para os gramados,
voltou como treinador, função que já havia tentado, sem sucesso, no Mandiyú
(1994) e Racing (1995). Depois de liderar a seleção nacional, comandou o Al
Wasl (2011-2012) dos Emirados Árabes, depois o Al Fujairah (2017-2018) e seguiu
para o México, onde esteve à frente do Los Dorados de Sinaloa (2018). Operado
dos joelhos e com uma bengala, assumiu em 2019 em seu país o comando do
Gimnasia y Esgrima La Plata.