QUINTA FEIRA, 10 DE JULHO DE 2014.
Logo depois da goleada
de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha, Luiz
Felipe Scolari disse que até 15 jogadores desta seleção brasileira poderão
disputar a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Mas será difícil que a
previsão do treinador se confirme. Daqui
a quatro anos, 18 atletas do grupo terão pelo menos 30 anos de idade. Entre
eles, o goleiro e o centroavante, duas posições-chave de uma equipe de futebol
que iniciam o novo ciclo como as maiores incógnitas do Brasil.
Júlio César terá 38 anos no próximo Mundial e já disse, após a vexatória
eliminação, que essa foi sua terceira e última participação no torneio. Fred é
quatro anos mais jovem que ele, mas as limitações físicas que demonstrou em
2014 e o histórico de problemas clínicos não indicam que ele esteja apto na
Rússia.
A interrogação é ainda
maior ao se constatar que os reservas não são tão mais jovens assim. Victor e Jefferson, os goleiros, terão 35
anos, mais do que Júlio nessa Copa de 2014, enquanto Jô estará com 31. Para
ele, mais do que a idade, superar a desconfiança geral e a frustrante
participação como suplente de Fred será o principal desafio.
A média de idade da Seleção que sucumbiu diante dos alemães
na semifinal é de 27,8 anos. Apenas Neymar, Oscar,
Paulinho, Willian e Bernard estarão abaixo dos 30 em 2018. A dupla de zaga
que se mostrou ponto forte da equipe durante o Mundial, com Thiago Silva e
David Luiz, estará numa idade considerada boa para jogadores da posição, de
maturidade. O capitão com 33 e seu carismático companheiro, único aplaudido
após a eliminação, com 31.
Passará pelos
defensores e jovens já mais amadurecidos, como
Neymar, que terá 26 anos, o início da construção de um novo time, ainda sob
comando indefinido. O acordo de Luiz Felipe Scolari com a CBF termina ao fim da
Copa. Antes do início, o presidente José Maria Marin havia manifestado desejo
de continuar com o treinador, que não falou sobre o futuro. É bom lembrar que
Marin, em janeiro, volta a ser vice-presidente, numa troca de cargos com Marco
Polo Del Nero, vencedor da última eleição para comandar a entidade.
Os laterais não
brilharam em 2014. Marcelo, o mais regular deles na Copa, terá 30 anos, o que
não parece um obstáculo à sua permanência. Já do lado direito, há problemas: Maicon e Daniel Alves, além de não terem
jogado bem, estarão com 36 e 35, respectivamente. Dificilmente suportarão
mais um Mundial.
Apontar novos nomes é
arriscado por vários aspectos. Em 2010, apostava-se
em Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso como alicerces de talento do time de
2014, mas nenhum deles resistiu ao ciclo de quatro anos. Surgiram outros candidatos, como Lucas e
Philippe Coutinho, que não foram à Copa, mas têm gás e muito tempo de
carreira pela frente.
Quando Felipão
anunciou os 23 convocados para a Copa do Mundo, não houve chiadeira. Falava-se no nome de Miranda, zagueiro
de destaque no Atlético de Madrid, mas nenhum excluído causou clamor popular. Kaká, Robinho, Luis Fabiano, Ronaldinho...
São veteranos que, muito provavelmente, não terão outro Mundial no currículo.
Depois da decisão do
terceiro lugar, no sábado, em Brasília, contra a Holanda, o Brasil só voltará a
campo no início de setembro, ainda sem datas confirmadas, mas em prováveis
amistosos contra Colômbia e Equador. Será o primeiro passo da Seleção, que
levará para a Rússia o sonho do hexacampeonato.
Por Alexandre Lozetti - Belo Horizonte