Segunda feira, 20 de fevereiro de 2017.
Mizael Martins sonha
em se tornar lateral-esquerdo e vende dindins para pagar escolinha na Grande
Natal. Força de vontade surpreende família e professor.
Mizael Martins tem 14
anos e, assim com muitos outros garotos da sua idade, sonha em ser jogador de
futebol. Para transformar isso em realidade, o garoto escolheu um caminho de
muito suor. Decidiu vender dindins e picolés junto da família para pagar a escolinha
de futebol que o irmão frequentava em Parnamirim, na Grande Natal. A decisão
foi tomada para não comprometer as contas da mãe, dona Maria de Lourdes. Para
ele, o esforço é muito maior que a necessidade financeira: é também uma lição
de vida.
Mizael Martins vende dindim para pagar escola de futebol (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
- Isso é muito bom
para a minha experiência porque eu aprendo a ter maturidade. Quando cheguei à
escolinha, eu mesmo não quis nenhuma bolsa porque eu sabia que vender dindim
poderia me ajudar. Estou me dando muito bem, tanto na escolinha, com meus
amigos, como em casa - afirma Mizael.
Os principais
compradores dos dindins são os próprios companheiros de equipe e os moradores
do bairro onde mora. Em todos os dias de treino, a mãe do garoto produz os
dindins, Mizael enche uma caixa de isopor com o produto e percorre dois
quilômetros até a escolinha.
A família
comercializava picolés antes do menino começar a participar da escolinha de
futebol F3S, no bairro Rosa dos Ventos, na região metropolitana de Natal.
Quando começou a participar, conversou com o professor Fábio Silveira e pediu
para negociar o preço da mensalidade de acordo com o orçamento que ele ganha
com a venda dos produtos. A resposta que ouviu foi de total apoio, mesmo assim
decidiu não diminuir o esforço. A mãe, então, passou a produzir dindins para
aumentar o cofrinho do garoto.
- Minha pergunta
quando ele chegou foi bem direta: quanto é que você quer pagar? E eu achei que
ele ia dar um valor bem abaixo do que ele deu. Isso demonstra que ele tem a
consciência que é preciso ralar para conseguir as coisas dele - afirmou o
professor Fábio, que comanda 80 alunos até 17 anos, em cinco categorias.
A dedicação do garoto
dentro de campo admira o professor e a família. Mizael trabalha arduamente para
se tornar lateral-esquerdo e, ao mesmo tempo, torna-se uma pessoa com a
consciência de que a vida é difícil para alguns. O esforço vem dando certo: aos
14 anos, Mizael joga na equipe sub-17 por ter uma boa desenvoltura, além de
chamar atenção pela altura (1,82m). Ele não tem pressa para chegar a um grande
clube e segue trabalhando para agarrar a oportunidade quando aparecer. Caso a
vida reserve outros caminhos, o trabalho não terá sido em vão.
- Qualquer proposta
que aparecer eu aceito. Mas, envolvendo tudo, confiar e sonhar são as únicas
coisa que me importam agora. Não é pensar só no futuro. E eu creio que mesmo
não me tornando jogador eu vou ser uma pessoa melhor por causa do que faço -
disse.
Dindins são feitos em casa e vendidos para amigos para pagar escolinha (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
Mizael sonha em se tornar jogador profissional na lateral-esquerda (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
Por GloboEsporte.com/Natal