Sexta feira, 29 de maio de 2020.
Na última terça-feira,
26/5, o futebol potiguar completou 70 dias de paralisação, após o primeiro
decreto assinado em 18 de marco pelo Governo do Estado, recomendando o
isolamento social e suspendendo várias atividades, entre elas o futebol. Até o
dia 4 de junho, quando encerrará o terceiro decreto (segundo foi assinado no
dia 1º de abril), não se fala na retomada do esporte por conta da pandemia do
novo coronavírus.
Crédito da foto: José Aldenir / Agora RN. |
Preocupado com a situação, o presidente do América de
Natal, Leonardo Bezerra (Foto), afirmou que o clube já
“passou do limite” e teme que possa tomar medidas severas caso o futebol
não retorne em junho. “A partir do dia 4, se não voltarmos, eu convoco
reunião emergencial com o Conselho Deliberativo para tomarmos medidas drásticas
para no futuro o América não se acabar”, asseverou o dirigente em entrevista à
FM 98 de Natal. O dirigente americano defende o retorno das atividades de forma
segura e responsável, com base em rígido protocolo médico, mas mesmo assim o
Governo do Estado “dá de ombros” com a situação do futebol, sem se importar com
os problemas que os clubes vêm enfrentando com toda essa crise. “Eu
vejo de fora como cidadão norte-riograndense que o Governo do Estado não
está muito preocupado com a situação do futebol, que é uma ferramenta tão
importante nesse momento de pandemia no combate a depressão. Nenhuma atividade
no mundo aguenta dois, três meses só com despesa e sem receita nenhuma.
Realmente, o América está com água pelo pescoço”, afirmou ele, referindo-se aos
benefícios à saúde que o esporte pode permitir com sua volta. A propósito, no
início deste mês de maio, o Ministério da Saúde emitiu documento aprovando o
regresso do futebol, desde que o faça com medidas preventivas, entre elas a
testagem de todos os envolvidos. O texto do documento afirma que o futebol “é
relevante no contexto brasileiro e que sua retomada pode contribuir para as
medidas de redução do deslocamento social através da 'teletransmissão' dos jogos
para domicílio”. No entanto, nem todos os Estados seguiram essa recomendação,
como é o caso do Rio Grande do Norte, e quase todos eles permanecem orientados
pelas autoridades sanitárias estaduais, que entendem que o momento não é de
liberar o esporte, enquanto a curva da pandemia não achatar. Mesmo assim, o
presidente do América espera que o Governo pelo menos dê uma previsão mesmo que
demorado for o retorno, para que os clubes possam se planejar e
reduzir despesas. “O Governo precisa pelo menos dar uma previsão de uma
possível volta, se em agosto ou setembro, e baseado nisso o América vai ao
Sindicato informando que não pode cumprir o contrato com os atletas, porque
está impedido de realizar as atividades. Com isso, o clube vai comprimir as
despesas, pois se não há receita, também não podemos ter grandes despesas. Pelo
menos, isso nos ajudaria muito”, disse. “O América hoje é o maior prejudicado
com tudo isso, ele cumpre com suas obrigações e mesmo com a redução salarial
que foi feita com os atletas, o nosso clube não aguenta mais um mês sem treinar
e sem perspectiva de retornar o calendário”.
POSIÇÃO DA FNF
O presidente da
Federação Norte-riograndense de Futebol (FNF), José Vanildo, também faz coro
pela volta, mas com responsabilidade. “Não queremos forma alguma extrapolar, se
reiniciar pelo reiniciar, mas que haja a inclusão do futebol dentre as
atividades produtivas, que precisam ser ouvidas e consideradas”, disse. O
dirigente lembra que o futebol é uma cadeia produtiva, pulsante à economia, e
que gera centenas de empregos diretos e indiretos aqui no Estado. “Duvido que
alguém de imediato diga qual a empresa que tem um custo mensal de salário em
torno de R$ 1 milhão de reais... esse valor é que os clubes do RN pagam por mês
só de salários aos seus atletas”, concluiu.
Fonte: Blog do Marcos Lopes (Natal)