Quarta feira, 1º de março de 2017.
Romário prepara um
livro, em primeira pessoa, contando a influência da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol) sobre os parlamentares no Congresso Nacional. Ele
promete relatar como a entidade que controla o futebol nacional conseguiu
comemorar, agora em 2016, o “tetra” em CPIs contra ela em Brasília.
Senador pelo PSB do
Rio de Janeiro, Romário presidiu a CPI do Futebol no Senado, que começou em
junho de 2015, após a prisão de José Maria Marin, e outros sete dirigentes do
continente, na Suíça. Até dezembro de 2016.
A comissão terminou em
pizza. O relator, Romero Jucá (PMDB-RR), que hoje está afundado em denúncias na
operação Lava Jato, conseguiu um “grande
acordo” e livrou a cartolagem da CBF de receber o pedido de ser indicada após
as investigações da CPI. As aspas em “grande acordo” vão para o próprio Jucá,
em áudio com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, sobre como estancar a
Lava Jato.
O tema futebol,
diferentemente da Lava Jato, e para surpresa de ninguém, não é levado tão a
sério dentro do Congresso Nacional pelos parlamentares. Talvez por isso, a CBF
sempre teve bastante mobilidade, especialmente no baixo clero. Basta observar
que na composição dessa CPI do Futebol que Romário presidiu, a maioria era
composta por parlamentares de Estados cujo futebol depende das migalhas
oferecidas pela CBF, como Piauí (Ciro Nogueira, PP-PI), Amazonas (Omar Aziz,
PSD-AM), Amapá (David Alcolumbre, DEM-AP), Maranhão (João Alberto, PMDB-MA),
além de Roraima, de Jucá (PMDB-RR).
Quando a equipe de
investigadores da CPI começou a aprofundar e a citar nomes do submundo do
futbeol, como do alagoano João Feijó, e de Angelo Verospi, a bancada da CBF
comparecia em grande número às sessões para derrubar requerimentos. Romário
promete, em seu livro, contar como a confederação atuava para frear as
investigações.
Desde os tempos de
deputado federal, cadeira que ocupou na legislatura passada (2011-2014),
Romário alertava sobre a influência da CBF nos parlamentares. Depois que deixou
a Câmara, Romário não deixou de atentar para “prestígio” da confederação na
Câmara Federal. Basta apenas lembrar que houve também uma mal sucedida CPI do
Futebol naquela Casa em 2016, que durou apenas seis meses, sem grandes avanços.
Encerrada tão logo Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumiu a cadeira de presidente da
Câmara, deixada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no início do segundo semestre de
2016.
A CPI teve apenas seis
meses de trabalho, sem novidades ou grandes notícias, e se encerrou com um
relatório tão chapa branca quanto o de Romero Jucá no Senado, apresentado pelo
relator Fernando Monteiro (PP-PE). Com a diferença que na Câmara não houve um relatório
alternativo, como aconteceu no Senado, em que Romário, ao lado de Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), distribuíram para imprensa, MPF (Ministério Público
Federal) e outros órgãos de fiscalização, um relatório alternativo com mais de
1,2 mil páginas no qual descreve todos os achados pela equipe de investigadores
do Senado, que Romero Jucá ignorou em sua conclusão.
Com essas duas CPIs de
2016, a CBF comemorou o tetra em Brasília, pois já havia triunfado em outras
duas comissões no início deste século, quando ainda era presidida por Ricardo
Teixeira, sendo uma no Senado e outra na Câmara. Embora tenham sido
transformadas em livro e amplamente divulgadas, teve efeito inofensivo para a
estrutura da CBF à época.
A promessa de Romário
é de que seu livro-bomba seja publicado ainda neste ano, provavelmente no
segundo semestre.
Tags: Bancada da CBF;
CPI da Máfia do Futebol; CPI do Futebol Romário; Romero Jucá.
Fonte: Daniel Brito – Portal Uol
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