Sábado, 17 de maio de 2025.
O ex-jogador, que tentou ser
candidato, mas sequer foi ouvido pela maioria das federações, ironizou o
manifesto assinado por 19 delas em apoio à decisão da Justiça do Rio.
Para concorrer, ele precisara do
apoio de, ao menos, quatro federações estaduais e quatro clubes das séries A e
B do Campeonato Brasileiro.
Ronaldo ironiza manifesto de federações após afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF: 'Agora?' |
Ronaldo Fenômeno foi mais um personagem do
futebol que comentou o afastamento de Ednaldo Rodrigues da
presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF|). O ex-jogador, que tentou ser candidato,
mas sequer foi ouvido pela maioria das federações, ironizou o manifesto
assinado por 19 delas em apoio à decisão da Justiça do Rio.
A imagem foi publicada no perfil de
Ronaldo no Instagram. Junto do manifesto, ele escreveu: “Agora?”, seguido por
um emoji pensativo. Quando anunciou a desistência de concorrer contra Ednaldo,
o ex-atacante lamentou a falta de diálogo e citou que 23 das 27 filiadas
fecharam as portas a ele por “satisfação com a atual gestão e apoio à
reeleição”.
Para concorrer, ele precisara do
apoio de, ao menos, quatro federações estaduais e quatro clubes das séries A e
B do Campeonato Brasileiro. “Não pude apresentar meu projeto, levar minhas
ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo”,
reclamou na época.
Sem a candidatura de Ronaldo, Ednaldo
Rodrigues teve caminho aberto para uma inédita aclamação unânime. O Fenômeno
defendeu, depois do resultado, que não seria uma “oposição oportunista”.
“Ele não é meu inimigo, e eu não sou
inimigo dele”, disse Ronaldo, em participação no programa “Galvão e Amigos”, da
Band. A fala era uma resposta à pergunta de Galvão Bueno sobre o papel do
candidato opositor de Ednaldo Rodrigues.
ENTENDA A CRISE NA CBF
O Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (TJ-RJ) recebeu uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para
investigar a possibilidade de a assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o
coronel Nunes, no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no comando da CBF,
homologado pela Suprema Corte em fevereiro, ter sido falsificada. O caso veio à
tona na última após uma perícia ser anexada ao processo.
Dois pedidos de afastamento de
Ednaldo Rodrigues foram protocolados junto à Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) que julga o processo eleitoral que levou o
mandatário ao poder no STF. O ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF,
negou os pedidos.
Outro ponto que põe em dúvida a
autenticidade da assinatura é o fato de Nunes, de 86 anos, ter informado à
Justiça sofrer de um tumor no cérebro e cardiopatia grave. Junto à perícia, foi
anexado um laudo apresentado pelo Dr. Jorge Pagura, Chefe do Departamento
Médico da CBF, em que o profissional indica que Nunes sofre de déficit
cognitivo, especialmente após passar por uma intervenção cirúrgica considerada
agressiva em 2023.
É citado, ainda, tanto nos pedidos de
afastamento, quanto em requerimentos para a presença de Ednaldo Rodrigues no
Congresso Nacional, a relação do ministro Gilmar Mendes e a CBF. O ministro,
que recebeu o processo por sorteio. É discutido possível conflito de
interesses, já que o magistrado é fundador do Instituto Brasileiro de Ensino,
Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o qual tem parceria comercial milionária para
as formações da CBF Academy.
A revista Piauí aponta relação entre
a primeira destituição de Ednaldo, em 2023, e o desembargador do TJ-RJ Luiz
Zveiter, pai de Flávio Zveiter, que fazia oposição a Ednaldo. O paralelo também
é traçado entre o presidente afastado e Gilmar Mendes.
Foi uma reportagem da própria Piauí
que revelou gastanças e práticas autoritárias na gestão da CBF, o que colocou
Gilmar Mendes como alvo de críticas públicas. O texto publicado na edição de
abril da revista falou também em pagamentos suspeitos a advogados antes de
decisões judiciais favoráveis à CBF. Segundo apuração do repórter Allan de
Abreu, Gilmar Mendes ficou pressionado e precisou ceder após parlamentares
ameaçarem a instalação de CPIs para investigar a confederação.
Em 6 de maio, a CBF se manifestou
sobre o assunto por meio de nota oficial. A entidade defendeu a legitimidade do
processo. Agora, ao mesmo tempo, em que recorre no STF para invalidar a decisão
do Rio, a entidade convoca novas eleições, para o dia 25 de maio, por meio do
interventor Fernando Sarney.
Em meio ao anúncio de Carlo Ancelotti
como novo técnico da seleção brasileira, movimento considerado nos bastidores
como uma vitória política de Ednaldo, o dirigente se tornou alvo de três
denúncias na Comissão de Ética da CBF por razões distintas.
Entre elas estão denúncias de assédio
dentro da entidade, gestão temerária e a própria suspeita de fraude no acordo
homologado pela Justiça do Rio.
Além disso, o presidente afastado
perdeu apoio das federações, 52 dias após a reeleição. Matéria da AFI.
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