Quinta feira, 04 de maio de 2023.
Engessados numa regra pesada e numa disputa desigual contra batedores. A 11 metros de distância, eles precisam evitar o gol, bem comportadinhos, entre 7,3 metros de raio e 2,4 metros até a trave para cima. É um resumo do que passam os goleiros diante da atualização da regra em disputa de pênaltis. De acordo com o novo texto da IFAB - a associação internacional da Fifa que regula as leis no campo de jogo -, o goleiro não pode "se comportar de forma a distrair injustamente o cobrador".
A alteração provocou reações diversas entre os goleiros. A mudança tem muito a ver com o goleiro campeão do mundo, Emiliano "Dibu" Martinez, que provocava, dançava e esbanjava confiança. No Brasil, a esmagadora maioria dos goleiros lamentou a regra.
Goleiro argentino campeão do mundo, Emiliano "Dibu" Martinez. Foto: Divulgação. |
O irreverente Dibu em Argentina x Croácia na Copa do Mundo de 2022: goleiro argentino foi um dos motivos para a Fifa alterar a regra.
Curiosamente, alguns preferiram não se manifestar publicamente - temerosos de qualquer tipo de retaliação -, mas os poucos que deram entrevista ao ge foram enfáticos, como já havia sido Gabriel, goleiro do Coritiba:
- Eu até perguntei: "cara, eu não posso me movimentar?" "Não, você não pode tirar a atenção do atacante, não pode..." Daqui a pouco vão engessar o goleiro e falar para o cara bater - ironizou Gabriel, do Coritiba.
Ele sofreu gol de pênalti na primeira rodada, no Maracanã, na derrota para o Flamengo por 3 a 0, num duelo particular contra Gabigol, um especialista com aproveitamento altíssimo em toda a carreira. Mas a mudança já faz efeito nesta disputa, muitas vezes mental, entre o batedor e o goleiro.
De acordo com levantamento do Espião Estatístico do ge, entre clubes apenas da Série A - contando tempo regulamentar e disputa de pênaltis -, houve aumento de 12,4% na eficácia dos batedores, indo a quase 90% de aproveitamento nas 34 penalidades desde que a regra passou a valer, no dia 11 de abril.
Compare:
Pênaltis de times da Série A em 2022
417 cobranças
316 convertidas
75,8% de aproveitamento
101 cobranças perdidas (24,2%)
76 defendidas (18,2%)
13 trave/travessão (3,1%)
12 para fora (2,9%)
Pênaltis de times da Série A em 2023 (de 11/04 a 01/05)
34 cobranças
30 convertidas
88,2% de aproveitamento
4 perdidas (11,8%)
3 defendidas (8,8%)
1 para fora (2,9%)
Santos, do Flamengo, Fábio, do Fluminense, Everson, do Atlético-MG, e Rafael, do São Paulo, cada um ao seu estilo, também protestaram sobre a mudança de regra.
- Eu não vejo uma regra para o batedor, só para os goleiros - resumiu o goleiro do São Paulo.
Rafael considerou haver muito rigor e exagero na alteração - "daqui a pouco o goleiro não vai poder fazer mais nada":
- Não tem nenhuma norma falando que o batedor não pode vir devagar, fazer paradinha... Na verdade, são só regras que atrapalham o goleiro o tempo inteiro.
- Ali é um jogo mental. Eu acho que tem que ser realmente dentro de um limite, não pode retardar o jogo, mas também acho que a gente não pode ficar calado numa situação de só ficar parado. Acho que vale essa provocação, esse jogo mental. É do jogo, é do esporte, achei que foi muito pesada essa nova regra, porque acaba limitando muito as ações dos goleiros - comentou o jogador do São Paulo.
"Aumentou mais o tamanho do leão para os goleiros"
Goleiro mais velho em atividade na Série
- Tinha que facilitar mais, sempre dificulta né (risos). Não tem nenhuma regra que ajuda aos goleiros ter mera facilidade nas cobranças. Sempre a adversidade é cada vez maior - comentou. Fonte: GE / RJ
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