Quinta feira, 03 de outubro de 2019.
Aos 69 anos, não
conseguiu narrar os gols de Grêmio e Flamengo. Alegou estar com gripe. Mas sua
voz não é mais a mesma há muito tempo.
Galvão Bueno, 69 anos, teve de pedir
desculpas pela falta de voz
Reprodução/Lance
"Estou com uma
gripe forte”.
"Fiquei devendo
aos dois times o grito de gol”.
"Peço desculpas
aos milhões de telespectadores."
Galvão Bueno pediu
desculpas ao final da transmissão da Globo, do empate em 1 a 1, entre
Grêmio e Flamengo.
Foi uma atitude digna.
Inédita.
E justa.
O narrador de 69 anos
passou a partida toda mostrando rouquidão, com dificuldade de falar, com a
respiração ofegante.
Tudo veio ainda mais à
tona nos gols.
Ele não conseguiu
elevar a voz.
Nitidamente, Galvão
Bueno não tinha condições de transmitir o jogo.
Se fosse qualquer
outro narrador não teria empunhado o microfone.
Mas ele foi usado como
o personagem principal da transmissão da emissora carioca.
Tinha de narrar o
jogo.
No dia dez de
setembro, há menos de um mês, Galvão não narrou o amistoso entre Brasil e Peru.
A alegação dada foi a
mesma.
Gripe.
Galvão estava muito abatido na semifinal da Libertadores.
Nas poucas vezes que
encarou a câmera, olheiras profundas dominavam seu rosto.
Após a final da Copa
de 2010, ele anunciou que seria a última Copa do Mundo que transmitiria fora do
Brasil.
Avisou que o Mundial
de 2014, no Brasil, seria a derradeira como narrador. Ele já sentia a que
potente voz falhava.
Mas sua figura seguia
importante demais para a Globo.
E transmitiu a Copa da
Rússia, como narrador.
A ideia de comentar
apenas jogos nunca mudou.
Só que ele é o maior
pilar do esporte da emissora.
Só que, devido à crise
financeira da Globo, teve seu salário de
R$ 1,5 milhão reduzido para R$ 500 mil mensais.
Mas foi liberado para
fazer propagandas.
Fez para a Gol.
E para a Volkswagen,
dirigindo o Jetta GLI, em um quadro batizado de "Na Estrada com
Galvão", do programa Esporte Espetacular.
Galvão Bueno se mostra
cada vez menos confortável transmitindo futebol.
Inteligente, vivido,
ele comenta muito mais durante os jogos.
Poupa a voz.
Mas ontem, com gripe,
a estratégia falhou.
Rouco, desafinado,
quase irreconhecível.
Galvão Bueno só não é
mais velho do que Silvio Luiz, com seus 85 anos.
Caminhando para os 70
anos, o narrador renovou contrato até 2022.
Para, aí sim,
transmitir sua última Copa do Mundo, no Qatar.
A Globo errou feio ao
expor o narrador na partida de ontem.
Deveria preserva a
figura mitológica que criou.
E Galvão Bueno se
respeitar.
Ele mesmo assume que a
humildade nunca foi sua marca registrada.
Pedir desculpas depois
de um jogo tão importante foi algo dolorido.
E completamente
desnecessário.
Era só não ter
transmitido a partida.
Admitir a si mesmo
estar sem voz.
Chegou a hora o bom
senso vencer o ego...
COSME RÍMOLI do R7.com
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