Quarta feira, 28 de agosto de 2019.
Felipão não ajudou taticamente e ainda atrapalhou com substituições equivocadas. Foto: Lance.net |
Com um futebol feio e
sem alternativas, Palmeiras é eliminado pela quinta vez desde a volta do
técnico. Uma mudança de ares faria bem às duas partes.
Vitória do Grêmio por 2 a 1 sobre o Palmeiras no Pacaembu.
Classificação do time gaúcho para as semifinais da Copa Libertadores da
América.
Quinta eliminação do
técnico Felipão em sua quinta disputa de torneio mata-mata desde a volta ao
comando do Palmeiras. Terceira eliminação consecutiva em casa na Libertadores.
Todas as saídas em 2019 foram em fases anteriores às de 2018.
Em meio à inexplicável
apatia que toma conta da equipe palmeirense em todos os momentos decisivos de
torneiros eliminatórios, soa cada vez mais estranho qualificar esse grupo de
superelenco, apesar do custo e da badalação. Apesar da boa colocação no
Brasileiro, em linhas gerais o proveito é muito distante e incompatível com a
fama.
O português Jorge
Jesus, do Flamengo, tem mostrado capacidade de fazer o que é bom
ficar ainda melhor. Felipão é o contrário, o extremo oposto. Previsível,
‘encaixotado’, submete uma coleção de jogadores valorizados a esquemas
ultrapassados, que geram atuações burocráticas, quase sempre neutralizadas por
técnicos e adversários com posturas e propostas um pouco mais refinadas em
jogos horrorosos de assistir. Como se todo o exposto não bastasse, ainda
destrói o espetáculo e mata de tédio quem gosta de futebol de verdade.
No caso do jogo desta
terça-feira (27), se considerarmos o fato de o Palmeiras atuar diante de seus
seguidores, a rudeza habitual da equipe somou-se a um comportamento que muitos
qualificariam até mesmo de covarde.
O time paulista, ao
contrário do que sua torcida pedia e todos esperavam, não espremeu o Grêmio desde
o início. Ao contrário, manteve-se recuado e tomou pressão nos primeiros
minutos. Apesar disso, abriu o placar, mas, apático e amarrado por um Grêmio
infinitamente mais compromissado com a partida, tomou a virada em escassos
quatro minutos.
Felipão não ajudou
taticamente e atrapalhou tecnicamente. No intervalo, tirou Willian, um dos
melhores do time até então, e colocou o confuso, destemperado e irregular
Deyverson, que se mostrou uma nulidade completa, rigorosa e absoluta em campo.
Completamente mapeado
e neutralizado pelo esquema gremista, com destaque para as ótimas atuações da
dupla de defesa Kannemann e Geromel, restou ao Palmeiras insistir, de modo
primitivo e sempre previsível, nas bolas aéreas.
Felipão faz parte da
história do Palmeiras, é inegável. Mas atualmente parece estar novamente
envolto nas nuvens negras dos 7 a 1 e dos 3 a 0. Passa nitidamente a sensação
de que enfrenta dificuldades para fazer o elenco, outrora produtivo em suas
mãos, entregar o mínimo que se deve esperar dele pelo que tem de custo e
badalo.
Ao final, a falta de
personalidade em campo foi reproduzida na fuga de todos os jogadores do
Palmeiras das entrevistas. Atitude lamentável que, espera-se, seja reprimida
pela diretoria – ou ao menos por quem, dentro do clube, vai contra a maré dos
que acham correto passar a mão na cabeça de jogador.
O Palmeiras, nos
períodos de escassez de dinheiro no futebol, ganhou merecidamente o apelido de
Academia de Futebol por sempre buscar o jogo bonito. Por ironia suprema,
Felipão consegue instaurar a monotonia, a apatia e a falta de beleza do futebol
gerado por esquemas mesquinhos justamente no momento em que o clube tem as
maiores condições históricas de reunir, como reuniu, um grupo de atletas
capazes de jogar bonito e dar espetáculo. Triste.
Uma mudança de ares de
Felipão talvez fosse a melhor saída. Para as duas partes.
Por Eduardo Marini, do R7.com
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