Domingo, 21 de agosto de 2016.
O choro de Neymar
depois da cobrança derradeira é o pranto de liberdade, são as lágrimas de
recomeço. O Brasil se livrou de um peso de 116 anos sem ouros olímpicos,
reencontrou o carinho de sua torcida e fez a festa no Maracanã, algo com que
sonhava dois anos atrás, na final da Copa do Mundo.
Não, a vitória sobre a
Alemanha nos pênaltis, depois de empate em 1 a 1 no tempo normal e na
prorrogação, não apaga a humilhação dos 7 a 1, mas representa a alforria para
deixar o passado para trás e olhar adiante, para a Copa do Mundo de 2018.
Para o camisa 10, a
medalha dourada é um acerto de contas depois da prata em Londres-2012. É também
uma resposta aos críticos que o questionaram por causa de sua vida social
agitada nas férias. Em um jogo em que a seleção nada fez sem que passasse pelos
pés do craque, ele foi decisivo ao abrir o placar com um golaço de falta, aos
26 do primeiro tempo, e ao fechar as penalidades.
— Tenho muita coisa
para dizer, mas ainda não encontrei palavras. O quanto falaram de nós,
respondemos com futebol. É uma das coisas mais felizes da minha vida. E agora,
faz o quê? Vão ter que me engolir — desabafou, antes de anunciar que não será
mais capitão.
Melhor é falar do
presente e pensar que talvez o ouro tenha demorado tanto para vir porque nunca
fora tão necessário quanto agora. A medalha brilhou no momento de maior crise
que o futebol atravessa no país — dentro e fora dos gramados. É uma ironia o
fato de o escudo da CBF não aparecer no peito dos campeões.
Vale também pensar nas
possibilidades que o título abre para a seleção. Jogadores importantes, como
Rodrigo Caio, Gabriel Jesus e Gabigol farão a transição para a equipe principal
com o respaldo da conquista. Já o técnico Tite tentará classificar o país para
a Copa com a chance de levar adiante o que Rogério Micale teve coragem de
fazer: escalação de quatro atacantes e apenas dois homens de marcação. Esquema
ofensivo que há muito tempo a amarelinha não tinha, apesar de combinar tanto
com ela.
Fonte: Jornal Extra.
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