quinta-feira, 18 de agosto de 2016

De pedreiro aos ringues: o sonho dourado de Robson Conceição!


SELO-RIO

Quinta feira, 18 de agosto de 2016.
Primeiro brasileiro medalhista de ouro na história do boxe em Olimpíadas fala sobre a dura caminhada até o pódio.
Robson Conceição entrou sorridente na sala de entrevistas do Espaço Time Brasil na manhã desta quarta-feira (17). Com a medalha de ouro no peito, o boxeador foi recebido com aplausos. O motivo: ao bater o francês Sofiane Oumahi na noite de ontem, o brasileiro entrou para a história como o primeiro atleta da modalidade a vencer uma final olímpica.
 
O ouro olímpico de Robson Conceição no boxe foi
Uma  recompensa pelos sacrifícios do passado.
“Ainda não caiu a ficha. Eu acho que estou dormindo, mas não quero acordar nunca desse sonho”, brinca o campeão. De origem muito humilde, o pugilista cresceu no bairro Boa Vista de São Caetano, em Salvador, e aprendeu a se virar desde cedo para ajudar no sustento de casa.

“Minha família trabalhava muito para que o pão de cada dia nunca faltasse. Eu também sempre fiz as minhas correrias. Já vendi picolé na rua, ajudava a minha avó na feira, fui auxiliar de pedreiro”, conta o baiano que, mais tarde, transferiu toda a garra para o boxe. “Hoje estou sendo recompensado por todo o sacrifício do passado”, acredita.
 RobsonConceicaoOuro

O início no esporte, contudo, foi completamente amador, ainda no fundo do quintal. O que o menino Robson queria era se espelhar em um tio, famoso por causar sérias brigas na cidade. Hoje, o medalhista entende que, o que enxergava à época como esporte era, na realidade, uma forma de exclusão social. “Muita gente fala que é um esporte violento, mas eu que era violento antes de conhecer o boxe. O boxe me salvou”, afirma Conceição.

Por isso, o medalhista olímpico destaca a importância de programas sociais que, por meio do esporte, tirem as crianças da rua. “Eu e a Rafaela Silva (ouro no judô) viemos de projetos sociais oferecidos em comunidades carentes e hoje estamos honrando o nosso país com essas medalhas olímpicas. Não acho justo punir criança, penso exatamente o oposto. Deveríamos dar mais oportunidades a elas, principalmente às menos favorecidas”, ressalta.
 RobsonConceicao1
Rodeado pela vulnerabilidade social, o atleta ganhou confiança para enfrentar os diversos desafios que a vida lhe impôs. Foi para dentro do ringue que Robson levou a persistência e a humildade com que superou tantas dificuldades ao longo dos anos. “Ser morador de uma comunidade humilde me deu mais força. Sou grato às pessoas de lá, pois sempre me apoiaram na vitória e na derrota. Se não fosse o boxe em minha vida, a história poderia ser bem diferente e talvez eu nem estivesse mais aqui para contar”, avalia.

Emocionado, o técnico da seleção brasileira de boxe, Claudio Aires, destacou o momento único na vida do boxeador, agora parte da história. “O Robson é um menino guerreiro, educado, pai de família. Veio determinado para o Rio de Janeiro em busca da medalha. Abriu mão de muitas coisas para alcançar esse objetivo. E hoje ele nos dá essa honra”, elogia.


Aires ainda agradeceu o apoio recebido para o desenvolvimento da modalidade no país. “A gente tem que continuar trabalhando sempre, dia após dia. Com o apoio do COB, da confederação e do Ministério do Esporte, que oferece um suporte excelente, estamos crescendo cada vez mais e, a cada ano que passa, estamos evoluindo”, aponta o técnico da seleção.
No Minuto - Da Redação.

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