Quinta feira, 03 março de 2016.
Se há dois anos e meio
os jogadores brasileiros se uniram para a criação do Bom Senso FC, lançando uma
série de reivindicações à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), agora
chegou a vez de os clubes seguirem o mesmo caminho. Nesta terça-feira (1º), os
15 clubes filiados à Primeira Liga se reuniram no Rio e do encontro saiu um
documento denominado "Dez propostas para mudanças na CBF".
As propostas vão da
fixação de um teto salarial para o presidente da CBF até a venda
"imediata" do avião da entidade. Mas o ponto que mais chama atenção é
o item oito: "Reconhecimento do direito dos clubes criarem a liga nacional
para a gestão das duas principais séries do futebol brasileiro a partir de
2017".
A união dos principais
clubes do Sul e de Minas Gerais com Flamengo e Fluminense deu origem à Primeira
Liga, que tinha como intuito inicial organizar um torneio regional. A Copa
Sul-Minas-Rio sofreu para sair do papel este ano, mas os clubes já se mostram
empolgados em dar um passo ainda maior. Ainda em queda de braço com a CBF, eles
querem passar a organizar também as Séries A e B do Brasileirão.
Com a CBF em meio à
maior crise institucional da sua história, com o presidente eleito Marco Polo
Del Nero afastado por suspeita de corrupção - denúncias que também recaem sobre
seus dois antecessores - a Primeira Liga quer moralizar o futebol brasileiro.
Para isso, lista, entre as mudanças, a "contratação imediata de uma
empresa de auditoria para análise de todos os negócios e contratos da
CBF".
Os clubes também
exigem que políticos com mandato eletivo ou que ocupem cargos públicos sejam
proibidos de assumir posições dentro da CBF, além de cobrarem a "definição
de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a
cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e
técnicos".
Do ponto de vista
eleitoral, a Primeira Liga quer que os clubes das Séries A e B tenham direito a
participar das assembleias administrativas e que os candidatos a presidente
precisem do apoio de apenas cinco entidades, entre clubes e federações.
Fazem parte da
Primeira Liga atualmente: Inter, Grêmio, Paraná, Atlético-PR, Coritiba,
Figueirense, Avaí, Criciúma, Chapecoense, Joinville, Flamengo, Fluminense,
Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG.
Confira as propostas da Primeira Liga:
1. Sistema eleitoral.
Candidatos à presidente necessitariam do apoio de 5 entidades, entre clubes e
federações, para inscrição no processo eleitoral.
2. Transparência.
Contratação imediata de uma empresa de auditoria (big four) para análise de
todos os negócios e contratos da CBF a fim de apurar as suspeitas de corrupção.
3. Proibição de
cumulação de cargos. Impossibilidade de detentores de mandato eletivo e
ocupantes de cargos na administração pública, federações e clubes de
participarem da Presidência e Diretoria da CBF.
4. Apoio ao futebol.
Venda imediata do avião da CBF e destinação dos recursos arrecadados a um fundo
de desenvolvimento do futebol.
5. Política salarial.
Proibição quanto a fixação do salário de presidente pelo próprio presidente,
definição da remuneração por empresa independente e publicação de salário da
presidência e diretoria.
6. Legalidade.
Reconhecimento do direito dos clubes da série A e B de participarem da
assembleia administrativa da CBF, segundo o disposto na Lei 13.155
7. Ética. Criação de
um conselho de ética formando por pessoas independentes e reconhecidas
nacionalmente por suas posturas profissionais, com ampla liberdade de
investigação.
8. Liga.
Reconhecimento do direito dos clubes criarem a liga nacional para a gestão das
duas principais séries do futebol brasileiro a partir de 2017.
9. Gestão. Definição
de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a
cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e
técnicos.
10. Compras e
patrocínios. Adoção de manual de procedimentos para a compra de produtos ou
serviços, bem como para a negociação de patrocínios, que estimulem a competição
e a transparência.
Fonte: Novo Jornal
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