Quinta feira, 03 de dezembro de 2015.
A CPI do Futebol está
investigando todos os contratos de patrocínio da Chevrolet com as federações
estaduais. Os acordos vigoraram entre 2013 e 2014, período em que o atual
presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, era vice-presidente da entidade. Os
documentos obtidos com exclusividade pela reportagem estão sendo analisados
pela CPI, interessada em saber se Del Nero se beneficiou destes contratos.
Isso porque o primeiro
contrato da Chevrolet ocorreu com a Federação Paulista de Futebol (FPF) na
época em que Del Nero era seu presidente e quando o dirigente passou a ocupar a
vice-presidência da CBF, a montadora passou a patrocinar federações estaduais
por todo o País. Entre 2013 e 2014, 22 federações tiveram contrato com a
empresa.
Mas, neste ano, quando
Del Nero assumiu a presidência da CBF - venceu as eleições em 2014 -, a
Chevrolet passou a patrocinar apenas na entidade nacional, que rompeu anos de
parceria com a Volkswagen. Um dos contratos com uma federação estadual, obtido
pela reportagem, revela o compromisso da montadora de pagar R$ 320 mil em
patrocínios para 2013 e outros R$ 320 mil para 2014, em um total de R$ 640 mil
em dois anos.
O que chama a atenção
dos investigadores da CPI é o valor de R$ 40 mil que seria destinado para
"ativações e ações promocionais" No contrato, a empresa confirma que
o patrocínio é de R$ 600 mil. Mas, em uma carta-acordo de intermediação de
patrocínio, outros R$ 40 mil são adicionados. O documento aponta que o valor
deve ser passado para a SG Marketing e Comunicação Ltda., representada por
Sergio Luis de Sousa Gomes. O montante coincide com o valor final indicado no
contrato principal de patrocínio, elevando o total para R$ 640 mil.
Pela carta, a empresa
de veículos explica que o pagamento de R$ 40 mil ocorre "por razões
operacionais internas" e ordena que a federação estadual repasse o
dinheiro da "seguinte forma": direito de intermediação comercial e
ativação do patrocínio. E indica que a SG Marketing é a detentora exclusiva
desses direitos.
Na avaliação da CPI,
os valores citados abrem a suspeita de que a inédita cobertura de uma mesma
marca em tantas federações pode ter beneficiado Del Nero na eleição para
presidente da CBF. Ele obteve 44 dos 47 votos possíveis (votaram as 27
federações, mais os 20 clubes da Série A do Brasileiro). Seu mandato termina em
2019.
Na CPI, dados
levantados pelo Senado também apontariam para uma importante evolução
patrimonial de Sérgio Gomes desde que passou a ser o intermediário desses
acordos.
REQUERIMENTO - Em 17
de setembro, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou requerimento para que a
General Motors do Brasil, detentora da marca Chevrolet, enviasse à CPI cópias
dos contratos firmados com as federações. Alegou ser a documentação
indispensável no trabalho da comissão destinado a "investigar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo
(COL), especialmente sobre as possíveis irregularidades em contratos comerciais
realizados por esses organismos". O requerimento, porém, ainda não foi
apreciado.
Questionada pela reportagem
sobre as desconfianças da CPI e sobre o que levou a empresa a estabelecer
contratos com as federações e por que não os manteve em 2015, a General Motors
respondeu que "de acordo com as políticas internas da GM, a empresa não
comenta fatos ou situações relacionadas com investigações em curso".
A entidade presidida
por Del Nero também foi questionada nesta quarta-feira. "A CBF não irá se
manifestar", foi a resposta.
Fonte: Novo Jornal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário