Quinta feira, 12 de novembro de 2015.
Com o rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro confirmado, é hora de juntar os cacos e repensar o ABC para o ano que vem. O ano de 2015, que deveria ser de comemoração pelo centenário do clube, acabou de forma bem diferente do que a torcida esperava e do que prometeu a diretoria. O GloboEsporte.com listou 10 itens que, de certa forma, contribuíram para o ano ruim que culminou com a queda para a Terceirona.
Faixas de protesto acompanharam campanha pífia do ABC
(Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
1 - Era Rodrigo Pastana
Com a ideia de profissionalizar e modernizar o departamento de futebol profissional, o ABC investiu na contratação de um executivo da área. O nome era o de Rodrigo Pastana, que chegou ainda em dezembro de 2014 com a missão de montar o elenco para ser campeão estadual e buscar o acesso à Série A no ano do centenário. Fracassou no primeiro objetivo e, na Série B, saiu de cena após 14 rodadas, deixando o time na beira da zona de rebaixamento - com 14 pontos, na 16ª posição. Além disso, também viu o Alvinegro cair na segunda fase da Copa do Brasil, diante do Paysandu. Na gestão de Pastana, quatro treinadores passaram pelo ABC em um período aproximado de oito meses: Roberto Fonseca, Josué Teixeira, Gilmar Dal Pozzo e Toninho Cecílio.
Contratado para levar Alvinegro à Série A, Rodrigo Pastana
fracassou no ABC (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
2 - Aquela voadora pesou...
Depois de um primeiro turno irregular, o ABC mudou de técnico - chegou Josué Teixeira -, o time engrenou e foi campeão invicto do segundo turno do estadual. Na final, enfrentou o rival América-RN com a vantagem de decidir o troféu no Estádio Frasqueirão. Foi aí que o zagueiro Flávio Boaventura apareceu, fez o gol do título americano e lançou a "maldição da voadora". Depois desse jogo, realizado no dia 2 de maio, o Alvinegro só voltou a vencer em casa no dia 17 de outubro, diante do América-MG, já pela 31ª rodada da Série B. Foi difícil superar o trauma.
Perda do estadual no Frasqueirão pesou para a saída
de Josué Teixeira pouco tempo depois (Foto: Fabiano de Oliveira)
3 - Dança dos técnicos
Roberto Fonseca, Josué Teixeira, Gilmar Dal Pozzo, Toninho Cecílio, Hélio dos Anjos e Sérgio China. O troca-troca no comando técnico do clube também foi fator que contribuiu para o ano ruim. A demissão precipitada de Dal Pozzo, que depois recebeu convite para voltar ao clube, e a manutenção de Hélio e Cecílio sem a conquista de resultados expressivos prejudicaram a caminhada da equipe na temporada 2015. Faltou paciência no primeiro caso, e sobrou para os outros dois...
Direção admitiu que a demissão do técnico Gilmar Dal Pozzo
foi precipitada (Foto: Frankie Marcone/Divulgação/ABC)
4 - Imagem arranhada
Roberto Vital tinha quase 30 anos de serviços prestados ao Alvinegro, mas que acabaram em uma demissão sem justificativa aparente. Depois, o médico revelou incompatibilidade na maneira de trabalhar dele com a do então superintendente de futebol, Rodrigo Pastana. A não recomendação pela contratação do volante Neto Coruja, que tinha um problema crônico no joelho, causou mal estar entre o médico e o superintendente e Vital acabou demitido pelo presidente Rubens Guilherme. Em resumo, Roberto Vital saiu do ABC em maio, Pastana em julho, Coruja em agosto e o ABC acabou rebaixado. Demissão que causou repercussão negativa para o clube.
Roberto Vital trabalhava como médico do ABC desde 1987
(Foto: Carlos Cruz/GloboEsporte.com)
5 - Invasão e quebra-quebra no CT
Foi no dia 28 de julho que, após derrota por 1 a 0 para o Ceará, integrantes de uma torcida organizada invadiram o CT Alberi Ferreira de Matos e, com a tentativa mal sucedida de encontrar os jogadores, acabaram quebrando o carro do atacante Kayke, do goleiro Gilvan e do diretor de futebol Marcelo Abdon. Como medida de segurança, a entrada de todos os torcedores para acompanhar os treinos da equipe foi proibida. Poucos dias depois, Kayke, artilheiro alvinegro no ano com 20 gols, decidiu deixar o clube e acabou retornando para o Flamengo.
Carro do atacante Kayke foi vítima de vandalismo
dentro do CT do ABC (Foto: Reprodução)
6 - Neto Coruja e outros "reforços"
Além das várias mudanças de treinador, foram muitas contratações equivocadas no ABC deste ano. Neto Coruja encabeça a lista que tem nomes como os de Rafael Oliveira, Wellington Bruno, Bruno Luiz, Rodrigo Biro, Rafael Silva e Jussandro, sem falar as debandadas de atletas com os campeonatos em andamento. Outro mico foi a contratação do volante Márcio Passos, que chegou ao Brasil com problemas na documentação, não foi regularizado e ficou impedido de atuar na Série B. Na reta final da competição, a bronca sobrou para os jovens formados na base do clube e para os jogadores que ficaram a tentativa de encerrar a Segundona de forma digna.
Neto Coruja foi uma das contratações mais contestadas
no ABC esse ano (Foto: Frankie Marcone/Divulgação/ABC)
7 - Arena das Dunas não salvou
Na tentativa de voltar a vencer como mandante, até de casa o ABC mudou. Mas não adiantou muita coisa. Foram quatro jogos e quatro empates na Arena das Dunas. A mudança de estádio não agradou o torcedor, que ficou ainda mais descontente com a venda do mando de campo do duelo contra o Botafogo, que será no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
ABC disputou quatro jogos na Arena das Dunas e empatou
todos (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
8 - Gestão confusa
Pedido de afastamento do presidente e mudanças na diretoria certamente não contribuíram para um ambiente tranquilo. Rubens Guilherme se licenciou do cargo, e Rogério Marinho, vice-presidente administrativo e financeiro, comandou o clube. Marcelo Abdon, que chegou como diretor de comunicação e assumiu o futebol no lugar de Rodrigo Pastana, teve divergências com Rogério Marinho e deixou o cargo. Rubens voltou ao Mais Querido para assumir a direção de futebol do Alvinegro, mesmo ainda licenciado da presidência. Paulo Tarcísio é o presidente em exercício. Durante toda a campanha, faixas de protesto e de tom político - com "Fora diretoria", "Salvem o Mais Querido" e "Viemos pela camisa" - acompanharam a equipe no Frasqueirão.
Rogério Marinho se desentendeu com Marcelo Abdon
e Rubens teve que voltar (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
9 - Jejum indigesto
Foram 19 partidas seguidas sem vitória, 14 rodadas sem vencer como mandante na Série B e seis meses sem vitórias em casa. Os números são impressionantes, mas justificam a queda do ABC para a Série C. E olha que foi tentado de tudo. Teve padre benzendo o campo do Frasqueirão, banho de sal grosso no gramado, mudança de casa para a Arena das Dunas, treinador que ganhou terço do até do padre Marcelo Rossi para tentar fazer o Alvinegro voltar a vencer, mas não teve jeito. A equipe venceu seu primeiro jogo em casa apenas na 31ª rodada da Segundona, já sob o comando de Sérgio China, sexto treinador do Mais Querido no ano.
ABC passou seis meses sem vencer jogos no Estádio
Frasqueirão (Foto: Diego Simonetti/Blog do Major)
10 - Morte anunciada
A direção prometia uma campanha para brigar pelo acesso, mas o que aconteceu foi justamente o contrário. Em vez disso, o Alvinegro teve como destino final no ano do centenário o rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro, em um ano que a Terceirona deve ser uma das mais difíceis dos últimos anos, já que o grupo do ABC vai contar também com equipes tradicionais como América-RN, ASA, Botafogo-PB, Confiança, Remo e Fortaleza. É hora de esquecer 2015 e esperar dias melhores no ano que se aproxima.
Fonte: GloboEsporte.com/RN
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