QUINTA FEIRA, 10 DE JULHO DE 2014.
O ministro do Esporte,
Aldo Rebelo (Foto), classificou nesta quinta-feira (10) a derrota por 7 a 1 sofrida
contra a Alemanha, na semifinal da Copa, como uma "marca profunda",
cobrou mudanças na estrutura do futebol brasileiro e defendeu uma intervenção
estatal para que essa revolução aconteça. "O futebol brasileiro precisa de
mudanças. A derrota para a Alemanha expõe, evidencia mais essa
necessidade", afirmou o ministro, durante entrevista coletiva organizada
pela Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) do Mundial no Maracanã. Segundo o
ministro, o tamanho da goleada que tirou da seleção a possibilidade de ser hexa
em casa foi um acidente, que não aconteceria novamente se as duas equipes se
encontrassem mais uma vez, mas que merece ser analisado para o bem do futuro do
futebol brasileiro. "Precisamos examinar o motivo e a causa do acidente. É
uma marca profunda. A melhor reação é ver as causas mais duradouras daquele
desastre. Precisamos extrair lições para que o Brasil reponha a seleção no
status que ela deve ter. As mudanças são necessárias". Rebelo defendeu
ainda que essa revolução pela qual o esporte precisa passar deve ter o governo
como protagonista, com a confecção de leis e pressão sobre dirigentes
esportivos. O presidente da CBF, José Maria Marin, e o presidente eleito da
federação, Marco Polo del Nero, ainda não foram a público falar sobre a
eliminação brasileira. Já o técnico da seleção, Luiz Felipe Scolari, disse que
"o trabalho não foi de todo ruim". Segundo Rebelo, o governo não
pretende nomear cartolas, mas quer ter um papel mais ativo na CBF e em outras
federações esportivas. "O Estado não pode ser excluído da competência de
zelar pelo interesse público dentro do esporte". "A Lei Pelé tirou do
Estado qualquer tipo de poder de atribuição e poder de intervenção. Se depender
de mim, não teríamos tirado o Estado completamente dessa atribuição. Se
depender de mim, parte dessa atribuição deve voltar". O regulamento da
Fifa proíbe a ingerência dos governos nos rumos das federações nacionais
filiadas à entidade. A federação nigeriana, por exemplo, foi suspensa na
quarta-feira (9) porque o Estado decretou o afastamento de toda a cúpula da
entidade depois da queda nas oitavas de final da Copa do Mundo.
Proposta
Entre as
possibilidades de intervenção estatal nos rumos do futebol brasileiro, o
ministro citou a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. O projeto do
deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) propõe um refinanciamento das dívidas dos
clubes em troca do que Rebelo chamou de ações de "modernização dos
clubes", como o rebaixamento para quem não prestar contas das dívidas e
punições para quem não manter salários dos atletas e funcionários em dia.
Rebelo também pediu por uma legislação que permita que jovens menores de 14
anos possam morar em centros de treinamento dos clubes (o que é proibido hoje)
e adoção de medidas que diminuam o fluxo de garotos brasileiros indo jogar,
ainda nas categorias de base, no exterior. "Nós importamos mão de obra e
exportamos da Europa serviços do futebol. Não pode ser assim. Exportamos nossos
craques, muitos ainda em formação. Fiquei sabendo que parte importante da nossa
geração sub-15 já está no exterior. Nossa legislação facilita isso".
Fonte: Folhapress
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