SEGUNDA FEIRA, 14 DE JANEIRO DE 2013.
Por e-mail.
Luiz,
Um pouco do verdadeiro futebol
brasileiro morreu hoje (14/01/2013)... Aos 105 anos faleceu o fundador do
Ferroviário Atlético Clube, de Fortaleza, Valdemar Caracas.
Segue um pequeno texto de minha autoria
sobre esta doce pessoa.
O céu ganhou mais
uma estrela, Valdemar Caracas.
Uma das pessoas mais doces que conheci.
Era ainda pequeno e sempre que ia à
casa da minha avó em Fortaleza, um nome me fascinava, Valdemar Caracas.
Causava-me um grande entusiasmo
conhecer uma pessoa que tinha fundado um time de futebol.
Aliás, um dos maiores do estado, o
Ferroviário Atlético Clube.
Achava incrível saber que o vizinho da
minha avó era uma pessoa tão importante.
- Nossa, ele fundou um time de
futebol!!!
O destino, no entanto, fez que eu
tivesse o prazer de conhecê-lo, quando ele já estava com 99 anos.
Entrei na casa dele e fiquei esperando
na sala.
De lá, ouvi seus gritos para a
empregada: “Quede a minha camisa do Ferrão?”.
Depois de alguns minutos, aquele
pequeno Sr. praticamente ocupava toda a sala.
Sim, o Caracol, como era conhecido
pelos amigos, tinha uma imagem imponente.
Conversamos sobre tudo.
Sobre a fundação do Ferrim, ele
comentou que, por ser responsável pela área de manutenção que ficava próxima a
estação de trem, Mondubim, incentivava que seus funcionários jogassem uma
bolinha ao final do expediente.
Montava dois times, com número incerto
de pessoas, e dava os nomes de Matapasto e Jurubeba, plantinhas que dominavam a
vegetação do descampado que ficava na oficina de trens
Anos depois, um time de um bairro
próximo, desafiou aquele pessoal para um jogo.
Nascia o Ferroviário, em 1933.
No bate papo daquele dia, também
comentou sobre a origem das cores e do distintivo.
Ainda na década de 1940, o tricolor da
Boa Terra, o Bahia, costumava viajar para Fortaleza e jogar com as equipes
locais, e ganhava sempre.
Se apaixonou pelo tricolor, e a partir
daí, torceria por toda equipe que fosse tricolor.
Em uma viagem a São Paulo, foi assistir
a uma partida do Tricolor Paulista, que dominava o futebol paulista naqueles
tempos.
Adorou os uniformes do São Paulo e
comprou um jogo completo de camisas, com distintivo e tudo, e levou para o
Ferroviário.
Histórias como estas passaram a ser
frequentes em nossos encontros que se tornaram mais frequentes.
No ano de seu centenário, me
confidenciou mais uma.
Jamais tinha beijado a sua esposa, com
quem ficou casado por quase 70 anos, Dona Anete.
Fiquei surpreso, mas perguntei o motivo
e recebi como resposta:
“...uma boca como a minha que já beijou
quenga, jamais poderá beijar a boca da mãe da minha filha...”
Se o Caracas se foi hoje aos 105 anos.
Um grande abraço,
José Renato Santiago (São Paulo/SP)
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