SEGUNDA FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE
2012.
Marinho está otimista com a Seleção Brasileira
(Foto: Augusto Gomes/GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Augusto Gomes/GLOBOESPORTE.COM)
"Roubei
a bola do Pelé e dei um lençol nele. No lance seguinte, toquei entre as pernas
do Rei." É com um largo sorriso no rosto que o ex-jogador Marinho Chagas,
60 anos, relembra sua estreia pelo Botafogo, em 1972. "O Bruxa", como
ficou conhecido nos anos 70, agora sonha ver o Brasil hexacampeão mundial e
Neymar eleito o melhor jogador de futebol do planeta. O melhor lateral-esquerdo
da Copa do Mundo de 1974 abriu o coração para falar sobre os momentos mais
marcantes da sua carreira vitoriosa, assim como os mais críticos de sua vida
pessoal. Marinho revirou o baú da sua memória, deu pitaco na seleção brasileira
e aconselhou alguns talentos em risco, como os atacantes Adriano e Jobson. Acho
que a Seleção está no caminho certo. Os garotos ainda precisam ganhar
experiência, mas nós vamos ganhar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016. Não tenho dúvida - afirmou. Para Marinho, Neymar será o próximo
brasileiro a receber o prêmio de melhor do mundo da Fifa.
Marinho Chagas é o embaixador da Copa 2014
em Natal (Foto: Canindé Soares/Cedida)
em Natal (Foto: Canindé Soares/Cedida)
O
Neymar tem tudo para "acabar" com a Copa do Mundo de 2014. Acredito
que ele fará como Maradona fez em 1986. O garoto joga muita bola e vai levar o
prêmio de melhor do mundo, com certeza. Messi é Messi, e é o melhor atualmente.
Mas o moleque ainda é jovem e vai chegar lá também. De chuteiras penduradas há
mais de duas décadas, Marinho Chagas ocupa cargo comissionado na Prefeitura de
Natal. No ano passado, foi nomeado pela então prefeita da cidade, Micarla de
Sousa, embaixador da Copa do Mundo 2014 na capital potiguar. A pouco mais de um
ano e meio do início do Mundial, ele esbanja entusiasmo. Durante a Copa do
Mundo só vai dar Brasil e Marinho Chagas. A Seleção dentro de campo, e eu fora
dele, aqui em Natal.
Estrelato
Depois de encantar potiguares e pernambucanos com as camisas de ABC e Náutico, Marinho chegou ao Rio de Janeiro em 1972, já com o apelido de "Canhão do Nordeste". O empate por 1 a 1 com o Santos de Pelé fez o norte-rio-grandense franzino e loirinho, à época com apenas 20 anos, cair nas graças da torcida alvinegra logo na estreia. Em pouco tempo ele já era o melhor lateral-esquerdo do futebol brasileiro e vencedor de duas edições do prêmio Bola de Prata da revista "Placar". Recentemente, foi indicado ao "Time do Século" do Botafogo e foi homenageado no site oficial do clube Já no primeiro jogo pelo Botafogo eu fiz um gol de falta e fui pra galera. O Pelé não gostou do lençol e da caneta que eu dei nele. Disse que eu deveria respeitar o Rei do Futebol. Mandei até ele tomar naquele canto (risos). Mas, no fim do jogo, dei um abraço nele e pedi desculpas. O súdito abusado de antes virou parceiro de Pelé no fim da década de 70, no New York Cosmos, nos Estados Unidos. Ao lado deles, alguns dos maiores jogadores da história formaram o time dos sonhos de muitos apaixonados por futebol. Franz Beckenbauer, Johan Cruyff e Carlos Alberto Torres eram algumas das estrelas do timaço que popularizou o "soccer" na terra do basquete e do futebol americano.
Estrelato
Depois de encantar potiguares e pernambucanos com as camisas de ABC e Náutico, Marinho chegou ao Rio de Janeiro em 1972, já com o apelido de "Canhão do Nordeste". O empate por 1 a 1 com o Santos de Pelé fez o norte-rio-grandense franzino e loirinho, à época com apenas 20 anos, cair nas graças da torcida alvinegra logo na estreia. Em pouco tempo ele já era o melhor lateral-esquerdo do futebol brasileiro e vencedor de duas edições do prêmio Bola de Prata da revista "Placar". Recentemente, foi indicado ao "Time do Século" do Botafogo e foi homenageado no site oficial do clube Já no primeiro jogo pelo Botafogo eu fiz um gol de falta e fui pra galera. O Pelé não gostou do lençol e da caneta que eu dei nele. Disse que eu deveria respeitar o Rei do Futebol. Mandei até ele tomar naquele canto (risos). Mas, no fim do jogo, dei um abraço nele e pedi desculpas. O súdito abusado de antes virou parceiro de Pelé no fim da década de 70, no New York Cosmos, nos Estados Unidos. Ao lado deles, alguns dos maiores jogadores da história formaram o time dos sonhos de muitos apaixonados por futebol. Franz Beckenbauer, Johan Cruyff e Carlos Alberto Torres eram algumas das estrelas do timaço que popularizou o "soccer" na terra do basquete e do futebol americano.
Irreverente e galã
A famosa e polêmica "paradinha" foi banida do futebol recentemente. Craques como Pelé, Rogério Ceni e Neymar costumavam realizá-la antes das cobranças de pênalti, para desespero dos goleiros adversários. O que nem todo mundo sabe é que Marinho Chagas, com seu jeito irreverente, inovou neste recurso, ainda nos anos 70. E ele não esconde a felicidade ao relatar como se deu o lance, que acabou inspirando jogada executada nos últimos anos pelo chileno Valdivia. - Aconteceu quando eu estava no Fluminense e o clube fez uma excursão pela Europa para jogar um torneio de verão na Espanha. Quando fui cobrar um pênalti, dei um 360 graus, joguei a perna para o lado e chutei o vento. O goleiro caiu e eu só encostei para a rede (risos). Os espanhóis ficaram boquiabertos, sem saber como eu tinha feito aquilo - lembrou. Nesta mesma viagem pelo velho continente, Marinho Chagas realizou uma de suas maiores conquistas amorosas. Ele se vangloria da história e "enche a boca" para dizer que "pegou" uma princesa de Mônaco. Eu era bonito e sarado. Loirão de olhos verdes, a princesinha ficou doida quando me viu numa festa com o pessoal do time. Dancei com ela a noite toda e beijei a princesa várias vezes. Bom demais, Marinho Chagas sempre foi muito vaidoso. Na época dele não existia o termo metrossexual, mas digamos que ele era uma espécie de David Beckham dos anos 70 e 80. Roupas espalhafatosas, cordões de ouro e carrões de marca eram constantes em sua carreira. E isso lhe rendeu mais uma boa história. Dessa vez com um Mercedes-Benz conversível. Estava caminhando na Europa e passei na frente de uma loja. Quando vi aquele carro, não consegui me controlar. Aluguei o "bicho" e fui direto para o hotel onde estávamos hospedados. Chegando lá, todo mundo me chamou de maluco, inclusive o Paulo Cezar Caju. Foi muito engraçado, porque o presidente do Fluminense (Francisco Horta) pegou carona comigo e deu risada da história - diverte-se.
Marinho Chagas marcou época no Botafogo e na
Seleção Brasileira (Foto: Divulgação/Botafogo)
Mágoa!
Na
Copa de 1974, na Alemanha, Marinho Chagas foi eleito o melhor lateral-esquerdo
do mundo, mesmo após a eliminação da seleção brasileira na fase semifinal do
torneio, após derrota para a Holanda. Mas um assunto que magoa o
"Bruxa" é a não convocação para as Copas de 1978 e 1982. E o
ex-jogador não esconde a tristeza por ficar de fora dos Mundiais. Ele tem
consciência de que ainda estava no auge da carreira naquela época e sente que
poderia ajudar o Brasil a conquistar o tetra. Modéstia à parte, eu era o melhor lateral do Brasil em 78.
Mas o técnico Cláudio Coutinho preferiu levar Edinho e Rodrigues Neto para
jogar na esquerda. Também deixou o Falcão e o Paulo Cezar Caju fora. Deu no que
deu. Em 82, discordei da decisão do Telê. Júnior estava muito bem, mas a minha
fase no São Paulo ainda era melhor - comentou o ex-jogador, que no Tricolor
Paulista ganhou, inclusive, seu único título num grande clube: foi campeão
estadual em 1981. Marinho Chagas sofre de hepatite C, bronquite,
ácido úrico e hipertensão. Mas a sua maior doença parece ter sido curada de
vez. O craque, que esteve próximo de perder o jogo contra o alcoolismo, fez um
transplante de fígado e hoje vive relativamente bem de saúde. Ele aproveita a
oportunidade e manda uma mensagem aos atletas que vivem ou viveram problemas
extracampo, como os atacantes Adriano e Jobson. Cada pessoa é responsável por escolher o que vai fazer da sua
vida. Amigos não obrigam ninguém a fazer nada. Eu, por exemplo, tive problema
com o álcool, mas só depois de encerrar a carreira. E foi porque eu quis.
Quando eu jogava, me dedicava somente ao trabalho e nunca bebi. O que eu
aconselho a garotos e jogadores profissionais é que tenham humildade e pensem
nos pais deles, pois o amanhã pode ser muito triste - finalizou.
Por Tiago Menezes (Natal).
Por Tiago Menezes (Natal).
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