quinta-feira, 31 de maio de 2012

Corinthians, quanto mais eu te “amar”, mais eu irei te “odiar”.

30-05-2012 QUARTA FEIRA
Luiz,

A confirmação do clássico paulista, Santos x Corinthians, para decidir um dos finalistas da Taça Libertadores de 2012 realmente motiva muito os torcedores das equipes alvinegras, e certamente, dos demais, que, em sua maioria, acabará ficando ao lado dos santistas.
Não importa se com esta vitória o Santos passará a ter chances reais de se tornar o maior campeão brasileiro desta competição, mas sim que o Corinthians não consiga chegar a esta conquista. Talvez seja isto que os corintianos não entendam, a prioridade não é o título e sim o "não título" deles.
Nesta semana, compartilho contigo um artigo, que escrevi alguns anos atrás, sobre algumas razões da existência desta aversão absoluta a equipe corintiana, isto escrito por um torcedor tricolor.
Espero que goste.
Um grande abraço
José Renato Santiago
 
Corinthians, quanto mais eu te "amar", mais eu irei te "odiar".


Não sou de uma família paulistana, meu pai veio do nordeste para estudar em São Paulo, ainda durante a década de 1950, no mesmo período em que meu tio foi contratado a jogar por uma equipe local.

Naquele tempo, o futebol era muito diferente, e embora, não ganhasse muito, meu tio chegou a ganhar boa notoriedade na equipe e fez um bom pé de meia. Por conta deste vínculo com esta equipe, boa parte da minha família passou a torcer por ela.

Nasci e morei em São Paulo até os 9 anos, e naquela época havia um grande tabu do meu time frente o Corinthians.

Esta rivalidade e este período sem vitórias foi tão marcante para mim, que passei a criar uma total aversão a equipe alvinegra. Era dura suportar as gozações da maioria, e esta maioria era corintiana.
Nos meus maiores sonhos, marcava um gol sobre o gigantesco goleiro corintiano daquele tempo, Jairo. Aliás, esta era a única maneira de vencê-los, eu precisava marcar o gol rs.

Enfim em 1980, o tabu caiu, e logo em seguida, acabei indo assistir o clássico frente os alvinegros e pude testemunhar uma goleada por 4 a 0. Foi marcante. Talvez mais importante que o título paulista daquele ano.

Sempre torci muito contra os rivais de minha equipe, mas confesso que quando o assunto é Corinthians, as dimensões são outras.

Muito embora minha equipe tenha conquistado vários títulos, inclusive, internacionais, sempre invejei os esmeraldinos, por terem eliminado os corintianos, por duas vezes, consecutivas, do maior sonho deles, a Taça Libertadores.

Também invejo, os alvinegros praianos, por possuírem uma das maiores filas frente aos rivais da capital, durante a época de Pelé.

Pois bem, nota-se claramente que sou são paulino, torço pela equipe que tem uma das mais invejáveis coleções de títulos. Certamente jamais trocarei o meu time por nada. Aliás, tenho muito orgulho de ter estado presente, em estádio, das maiores conquistas da minha equipe, principalmente em 1992 e 1993.

Mas alguns fatos, ultrapassem tudo isso.
Em 2000, nasceu meu primeiro sobrinho, o primeiro neto da minha mãe, e rapidamente busquei trazê-lo para o “lado do bem”. Até entrar em campo com Rogério Ceni, ele entrou, e muito embora, pelo menos até os 6 anos, ele só tivesse frequentado jogos do tricolor, em 2006, por ter o pai corintiano, acabou se comovendo com a tristeza dele pela péssima campanha no Brasileiro. No dia do rebaixamento do Corinthians, a primeira coisa que ele fez foi vestir uma camisa da equipe e ficar com ela por quase 3 dias, consecutivamente. Foi exatamente no sofrimento, que o sentimento alvinegro dele veio mais a tona.

Em 2010, ano do centenário, fui procurado por um grupo de torcedores corintianos que queriam organizar um evento em homenagem ao Corinthians, bancado unicamente por eles, que investiram recursos do próprio bolso, incluindo transporte, alimentação, divulgação e até mesmo uma geladeira para as bebidas que seriam servidas. O evento foi um sucesso e contou com corintianos ilustres tais como Sócrates, Zé Maria, Heródoto Barbeiro e toda a massa alvinegra.

Com certeza, muitos torcedores de outras equipes, talvez, também façam o mesmo, no entanto, durante aquele ano apenas os corintianos se mobilizaram para isso. E olha que conseguimos levar até mesmo o presidente palmeirense, naquela época, Luís Gonzaga Belluzo, gente boníssima, mas, muito embora tenhamos lotado o espaço, a repercussão foi muito menor. Os tricolores, como eu, nada...o que não quer dizer que não houvesse interesse, mas a mobilização não ocorreu.

Pois bem, amigos corintianos, é justamente por achar a sua equipe tão importante que tanto torcemos, e sempre torceremos, contra.
Quanto o assunto é Corinthians, vocês, torcedores alvinegros, já são maioria, e o que nos resta, seus rivais, é nos unir, contra, nada mais justo.

Mas isto não  importa, pois ainda sim, sua equipe é muito maior que tudo isso.
Muito maior que todo o “ódio” de torcedores de outros rivais.
Realmente pouca importa para vocês.
Sendo assim, nesta semifinal de Libertadores: Dá lhe Santos!!! (pelo menos até a final rs)
Por José Renato Santiago - São Paulo/SP. 

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