Sexta-feira,
13 de outubro de 2023.
|
Gabigol e Tite se cumprimentam em treino do Flamengo |
Por
Letícia Marques e Thiago Lima — GE
/ Rio
de Janeiro
Novo
técnico do Flamengo,
Tite ainda não esboçou um time nos primeiros treinos no Ninho do
Urubu (até porque ele não tem, em tese, três titulares que estão
convocados nessa Data Fifa: Gerson, Arrascaeta e Pulgar). Mas algumas
características do treinador são conhecidas: há tempos não
costuma jogar com três zagueiros; geralmente usa laterais mais
marcadores; gosta de meias que pisem na área...
E
o ataque? Até pelas muitas opções que o elenco rubro-negro
oferece, o setor ofensivo tende a ser o maior quebra-cabeça a ser
montado pelo treinador, que usou diferentes formações de frente ao
longo da carreira.
Pegando
os times vencedores que Tite teve como exemplo: no
Grêmio, campeão da Copa do Brasil de 2001, tinha um 3-5-2
com uma dupla de ataque de mobilidade, com Marcelinho Paraíba e Luis
Mário. No Inter, ganhador da
Sul-Americana de 2008 já era um 4-4-2, mas com um ataque de
característica parecida, com Alex e Nilmar, e D'Alessandro vindo de
trás.
O
Corinthians, multicampeão de Tite foi uma verdadeira
metamorfose ofensiva. O time campeão brasileiro de 2011 tinha
Liedson como centroavante e Emerson Sheik e Willian como pontas num
4-3-3. No ano seguinte, a equipe que faturou a Libertadores teve dois
meias, Danilo e Alex, e dois atacantes, Sheik e Jorge Henrique, que
voltava bastante para recompor na marcação.
E
no Flamengo?
Desde
o retorno de lesão de Bruno Henrique, que virou o principal jogador
do time neste segundo semestre, o Flamengo também
viveu mutações no seu ataque. Jorge Sampaoli chegou a tentar um
trio de frente com BH, Gabigol e Pedro na final da Copa do Brasil
contra o São Paulo, mas não deu certo e o treinador argentino foi
muito criticado.
Comentaristas
opinam
O ge consultou
três comentaristas do Grupo Globo sobre o ataque do início da Era
Tite no Flamengo.
Carlos Eduardo Mansur não descartou que o técnico mantenha uma
dupla, mas apostou mais em um esquema com pontas:
-
Eu não acho que seja uma possibilidade descartada ele usar o Bruno
Henrique ou com o Gabriel ou com o Pedro como uma dupla por dentro,
mas tendo a apostar mais que ele parta de um 4-3-3, um 4-1-4-1 que
caracterizou muitos momentos da carreira dele. O norte eu acho que
vai ser ter um time muito equilibrado, que seja capaz de atacar mas
que atenda essa vulnerabilidade defensiva que o Flamengo tem
tido. Então pode ser com um meio com qualidade técnica e vigor, que
consiga combinar essas duas coisas, por exemplo uma formação com
Pulgar, Victor Hugo e Gerson.
-
E na frente, eu não diria nem pontas, acho que é muito possível
que ele tenha um ponta de um lado e um meia de outro. Um ponta capaz
de atacar a área, caso do Bruno Henrique na esquerda. E, por
exemplo, um meia do outro lado, que pode ser o Everton ou o
Arrascaeta, se ele entender que o Arrascaeta pode partir do lado
direito e que na hora de atacar ele venha por dentro para virar um
quarto meio-campista. Ele fez muito esses movimentos no Corinthians
2015, por exemplo, com Jadson. Então, acho que essa pode ser uma
alternativa habitual dele.
Para
Rodrigo Coutinho, as escolhas de Tite num primeiro momento vão
passar pelo momento atual dos jogadores e podem não refletir a
formação ideal que o técnico tem em mente:
-
Acredito que ele vai encaixar a proposta com os jogadores que se
mostrarem em melhor forma técnica. Tite sempre se mostrou um
treinador que adaptou a ideia coletiva ao que ele tinha de melhor, de
mais desequilibrante. Já usou Jadson como "falso ponta" no
Corinthians, por exemplo. Os dias de treinamento serão determinantes
para esse "primeiro time" dele. Imagino que ele vai
desenhar o time a partir do momento das melhores opções que têm.
Marcelo
Raed, por sua vez, preferiu não arriscar um palpite para a formação
ofensiva, mas acredita que Tite dará preferência aos jogadores que
já conhecem seus métodos. No atual elenco, o técnico já trabalhou
com Santos, Rodrigo Caio, Pablo, David Luiz, Filipe Luís, Gerson,
Everton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol, Pedro e Cebolinha.
-
O Tite é um treinador que mudou muito o estilo nos últimos anos.
Inclusive, pegando uma polêmica das redes sociais e trazendo para
cá, ultimamente há uma discussão muito grande entre jogo funcional
e posicional. O Tite e o time da Copa de 2018 eram próximos do jogo
funcional, mas na Copa de 2022 eles estavam mais próximos do jogo
posicional. Se vai jogar com pontas, com meias pelas lados, com dupla
de atacantes... Isso, os treinos e jogos vão dizer. E independente
do esquema tático, vai ser interessante ver o Tite colocar seus
conceitos, da forma do time atacar e se defender, neste Flamengo de
2023 que não acertou com nenhum modelo de jogo.
-
Minha aposta é que nesse primeiro momento ele vá optar por jogar
com os jogadores que já conhecem seus métodos. Mas tenho
curiosidade em saber o que ele vai preparar nessa volta ao futebol
brasileiro de clubes. A verdade é que o Tite é capaz de montar uma
equipe de diversas formas, com variedades, virtudes e valências na
formas de atacar, e consistência na parte defensiva.
Em
seus últimos jogos antes de ser demitido, Sampaoli barrou Gabigol e
passou a jogar com Bruno Henrique e Pedro. Dupla que foi mantida pelo
interino Mário Jorge nas duas partidas antes da chegada de Tite.
Além desses três nomes, o novo técnico ainda tem as opções de
Luiz Araújo e Cebolinha para jogar de ponta; usar um meia aberto,
como Everton Ribeiro ou Arrascaeta; ou apostar em algum garoto da
base, como Lorran e Pedrinho.