Sexta feira, 15 de abril de 2022.
Dória, do Santos Laguna, é um dos grandes ídolos atuais no futebol mexicano. |
Dória, que chegou a ser convocado
para o Brasil no passado, é ídolo de um clube mexicano e quer defender a
seleção local.
O normal para um jogador de
futebol é sonhar em disputar uma Copa do
Mundo por seu país. Não para Dória. O ex-zagueiro de Botafogo e São
Paulo, que chegou a ser convocado pelo Brasil em 2013, faz sucesso no
México já há alguns anos e, por isso, deseja disputar o Mundial pela La Tri,
como é conhecida a seleção local.
"Encontrei meu mundo no
México. Encontrei felicidade e alegria para poder jogar. Dentro do meu clube o
tratamento que recebi, o profissionalismo deles. Minha família se sente muito
em casa. Foi algo que mexeu comigo e por isso decidi me naturalizar para poder
retribuir esse carinho dentro de campo", vibrou ele, ao R7.
Desde 2018 no Santos Laguna, Dória, de 27 anos, já
foi considerado o melhor zagueiro da liga mexicana e é adorado pela torcida.
Mas não é somente isso que o fez desistir da seleção brasileira.
"Sendo realista, eu compito
com jogadores que atuam nos melhores clubes do mundo. O mercado mexicano ainda
não tem jogador na seleção. A visão do brasileiro com o futebol daqui não é
grande, então é difícil disputar com esses zagueiros, por mais que eu esteja
jogando bem, ano passado fui o melhor zagueiro do campeonato, teve um momento
que teve uma oportunidade e levaram jogadores de time pequeno do Brasil. Mas eu
sei que tenho potencial, então quando surgiu essa oportunidade de representar o
México, me senti honrado e vejo que é uma seleção que tem potencial", explicou.
Na ocasião citada por ele, em novembro de 2021, após o corte de Marquinhos,
suspenso, Tite optou pela convocação de Léo Ortiz, do RB Bragantino.
Hoje eu estou 100% focado
no México. Já tomei minha decisão. Aceitei essa missão e hoje não voltaria
atrás. DÓRIA.
Mas se a decisão já está tomada, qual o motivo
dele ainda não estar sendo convocado pelo México? O processo de naturalização,
que pode impedir que Dória dispute uma Copa do Mundo já em 2022.
"Os documentos demoram. A princípio,
decidi pela naturalização pensando nesse Mundial, mas ainda faltam alguns
documentos e depois que vão me chamar para fazer os exames. É muita burocracia,
então pode ser que fique difícil. Não é impossível, mas tenho que estar
preparado para tudo", disse, lembrando que a Copa do Mundo de 2026 será
disputada no México, em sede dividida com Estados Unidos e Canadá.
Além do desejo pela seleção mexicana, Dória
também detalhou a adaptação ao país, o motivo dos brasileiros não se
interessarem pelo futebol de lá e citou o carinho eterno com o clube em que
iniciou a carreira. Confira a entrevista completa:
R7: Hoje você é ídolo no México. Mas como foi quando chegou? Enfrentou
dificuldades de adaptação?
Matheus Dória Macedo: Não vou dizer que foi fácil, mas eu já sabia
falar um pouco de espanhol, pois joguei no Granada e eles são muito receptivos.
São muito parecidos com o brasileiro, são alegres, são interessados em te
ajudar. O Santos Laguna tem uma estrutura espetacular para receber
estrangeiros. Tem quem cuide de tudo, para você se preocupar apenas em jogar
futebol. Eles indicavam salão de beleza para minha esposa, mercado, escola para
minha filha. Eles entregam um livro com tudo o de melhor que tem na cidade.
R7: A Liga Mexicana é uma das mais ricas do mundo, mas parece que ainda
não atrai muitos craques. Acredita que seja um mercado pouco explorado?
Dória: Alguns brasileiros preferem ir para a
segunda divisão da Espanha, por exemplo, do que para o México, mas é por não
terem conhecimento. Desde que eu cheguei aqui, em 2018, chegaram vários
brasileiros, mas muita gente julga sem saber. Depois que estamos aqui, a gente
vê que tem qualidade. Recentemente o Tigres ganhou do Palmeiras no Mundial. A
estrutura do Santos é melhor que a dos times que passei na Europa.
R7: Você jogou o Brasileirão alguns anos. Vê semelhanças com o nível do
futebol mexicano?
Dória: No Brasil é diferente o jeito de jogar,
já que é por pontos corridos. Aqui é uma classificação, passam 12, depois vai
para a repescagem, ficam 8 e tem o mata-mata. Então os 18 times podem ser
campeões. Às vezes o que termina em primeiro é desclassificado no primeiro jogo
de mata-mata. O nível de jogadores é igual. Tem muitos jogadores sul-americanos
aqui. Mas acho aqui ainda mais intenso que no Brasil.
R7: Estando tão feliz no México, você planeja um dia retornar ao
futebol brasileiro?
Dória: Eu não gosto de fechar portas para
nada, o dia de amanhã a gente não sabe, mas estou criando uma história bem
bonita no Santos Laguna. O projeto que eu tenho dentro do clube é muito grande,
então hoje eu não consigo pensar em nada fora daqui. Sou o capitão do time.
Zagueiro Dória ao lado de Seedorf quando atuavam no Botafogo/RJ.
R7: Você passou por dois grandes clubes do Brasil. Ainda tem alguma
relação com eles?
Dória: Muitos torcedores me mandam mensagens. Sou
super agradecido pelo Botafogo/RJ, tenho um carinho pelo clube. Foi o clube
que me colocou na vitrine. Tenho um amor incomparável com esse clube. No São
Paulo também fui super bem recebido. A torcida me tratou muito bem. Fica sempre
o carinho, então estou sempre desejando o melhor para eles.
R7: Você deixou o Brasil para jogar no Olympique de Marsenha. Ainda
sonha em voltar ao futebol europeu?
Dória: O meu sonho é jogar a Copa do Mundo. Me
naturalizar logo mexicano e poder disputar o Mundial. Além disso quero
conquistar títulos aqui. No ano passado fomos vice. E busco bater recordes.
Quero ser o brasileiro com mais jogos no time e o zagueiro com mais gols.
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