sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Revezamento celebra 20 anos da prata de Sydney e relembra fim de briga de egos por grupo vencedor!

Sexta feira, 16 de outubro de 2020.

Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino entraram para a história da velocidade do Brasil com a conquista e dividem méritos com reservas e técnico.

 

Foto: Divulgação.

No dia 30 de setembro de 2000, o quarteto formado por Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino entrava na pista do estádio olímpico de Sydney, na Austrália, para fazer história. Atrás apenas dos Estados Unidos, os brasileiros correram 37s90 na final do revezamento 4x100m para garantir a medalha de prata, eternizada na narração de Galvão Bueno com o "É prata! É prata! É prata!".

Para celebrar os vinte anos da conquista olímpica, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) promoveu um encontro virtual com os ídolos nacionais. Eles contaram bastidores da formação da equipe, da rivalidade entre os seis integrantes e como Jayme Netto foi a chave principal para o sucesso na passagem de bastão ao saber unir a característica de cada um dos quatro velocistas.

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O tempo conquistado na final olímpica foi o recorde sul-americano por quase duas décadas, finalmente superado na final do Mundial de Doha, em 2019, quando o Brasil terminou no quarto lugar com 37s72. A equipe olímpica de Sydney, treinada por Jayme Netto em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, também tinha em sua formação Claudio Roberto Sousa, que correu na semifinal, e Raphael Raymundo de Oliveira, como reservas. 

O tempo conquistado na final olímpica foi o recorde sul-americano por quase duas décadas, finalmente superado na final do Mundial de Doha, em 2019, quando o Brasil terminou no quarto lugar com 37s72. A equipe olímpica de Sydney, treinada por Jayme Netto em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, também tinha em sua formação Claudio Roberto Sousa, que correu na semifinal, e Raphael Raymundo de Oliveira, como reservas.

O potiguar, Vicente Lenilson, que abriu a prova em Sydney, contou sobre a rivalidade nos bastidores para estar na formação oficial escalada pelo técnico.

- Eu e Raphael éramos muito competitivos porque queríamos a vaga de primeiro homem (responsável por abrir o revezamento). Era uma competição sadia. Então para assumir o lugar, eu tinha que mostrar que eu era melhor na largada. Em Sydney, eu treinava pra sair melhor que ele, porque no percurso ele era melhor - relembrou Vicente, que foi escolhido na época por Jayme Netto por ser melhor na prova dos 200m.

Claudinei Quirino, responsável por ultrapassar Cuba e fechar o revezamento, enalteceu o técnico como o principal responsável da conquista no segundo lugar mais alto do pódio.

- Eu era o mais rebelde. Cada um extravazava de um jeito, mas agradeço ao Jayme que soube lidar com as vaidades de cada um. Pra mim, a pessoa que soube fazer a diferença foi ele, que soube controlar as emoções de todos os lados, soube controlar o grupo para ter um grupo campeão - disse diretamente ao técnico, que se emocionou com a declaração.

Vicente Lenílsin, Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino no pódio em Sydney 2000.
Foto: J. F. DIORIO/ESTADÃO CONTEÚDO

- Um dos segredos desses meninos foi a quebra de paradigma deles. Eram extremamente rivais dentro da pista, um queria ganhar do outro, era uma geração muito forte. A essencia do atletismo é a individualidade, é uma modalidade individual. E a beleza do revezamento é porque ele quebra esse paradigma da individualidade para o coletivo. E os seis eram marrentos, cada um mais que o outro.

E é a caracteristica de um velocista. O Nei deu uma declaração muito bonita no final que o nome da equipe ali era Brasil. Todos trabalharam muito juntos, muito duro. E aí você imagina, a diferença entre os caras era de centésimos e tinha uma escolha. Eles respeitaram a escolha, mas é muito sofrido para quem fica de fora - lembrou Jayme. 

Edson Luciano enfatiza que as broncas dadas pelo técnico em prol dessa unidade foram fortes, mas que ele ficou realmente marcado pelas palavras de Raphael, que seria o único do sexteto a não competir o Sydney. 

- Não era briga, era a rivalidade individual. Cada um tinha que ser o melhor para garantir a vaga, então era uma pressão muito grande para ter a vaga no revezamento, e isso gerava alguns desentendimentos. O puxão de orelha do Raphael foi muito forte, que nós tínhamos que viver como uma equipe de verdade. Aí jantamos, tomamos café e almoçamos todos juntos, o que era raro. E o Jayme falou: “Agora vamos vencer, agora não tem para ninguém”.

Duas décadas esperando pela medalha

Além dos quatro velocistas que subiram ao pódio, Claudio Roberto tinha direito à medalha em Sydney por ter corrido na semifinal. Só não foi ao pódio naquele momento porque o protocolo restringe a cerimônia aos quatro atletas que correm a final. Mas algum erro processual fez com que a medalha dele não fosse entregue mesmo nos bastidores. Vinte anos depois, em maio, o piauiense recebeu a notícia de que finalmente receberia a medalha do COI.

- Na época todo mundo voltou para suas casas com as medalhas, e como eu não tinha fiquei com vergonha. Como ia chegar lá sem a medalha? Não voltei para Teresina, eu não tinha a prova do crime. Acabei ficando em São Paulo, e com a cabeça mais fria eu voltei no ano seguinte, depois do Ano Novo.

- Hoje eu penso que as coisas deveriam ter acontecido como foram. Se eu tivesse recebido a medalha naquela época, só um reserva, aquilo fosse esquecido. Mas isso (a espera) serviu para mostrar a importância que um reserva tem dentro de um time desses. Raphael e eu fizemos nossa parte, essa conquista também é nossa. De nós sete, né, Jayme.

Durante esses anos de espera, Claudio teve como consolo uma homenagem feita por André Domingos. O colega de revezamento encomendou uma réplica da medalha de prata e o presenteou.

- Você e Raphael são merecedores dessa medalha. Vocês são parte desse time campeão e merecemos todos. Fiquei muito sensibilizado de não ver sua medalha no peito. Por isso que peguei meu carro, andei 350km para fazer essa réplica pra você. Eu me coloquei no teu lugar. Imagina chegar num lugar, as pessoas perguntarem da sua medalha e você não ter. Fiz de coração e fico mais feliz ainda agora por saber que finalmente você vai receber - disse André. Fonte: GE

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