Sábado, 04 de julho de
2020.
A partida entre
Fluminense e Botafogo pela semifinal da Taça Rio, que será disputada neste
domingo (05/07), às 16h, vai ser marcante também por algo além das quatro
linhas: a estreia de Evaldo José como
narrador da Super Rádio Tupi. O
locutor, conhecido pelo bordão “Que lindo!”, fará a narração do jogo, que será
transmitido nas plataformas digitais da Tupi (Youtube, Facebook , aplicativo e
Tupi.fm). O novo contratado falou sobre a expectativa para a primeira jornada
na rádio líder de audiência do Rio.
Narrador Evaldo José estreia na Rádio Tupi, neste domingo, clássico Fluminense x Botafogo , semifinal da Taça Rio. |
“Eu estou extremamente
ansioso. Estou me sentindo como um garoto que vai fazer a primeira transmissão
esportiva. Frio na barriga, ansiedade e recebendo muito carinho dos amigos.
Chegar na Rádio Tupi, neste momento, significa muito para mim, pela trajetória
que ela tem. Voltar a trabalhar com o Garotinho, depois de tanto tempo, com o
Gérson, o Dé, Sérgio Guimarães, que estava no início da minha carreira, e tanta
gente que eu ouvia quando era pequeno…tudo é muito significativo para mim. E eu
tenho uma marca, desde que cheguei no Rio, muito grande, porque fui muito
influenciado pelo Doalcey Camargo, que era locutor da Rádio Tupi. Então, meu
coração está transbordando de alegria por estar vivendo este momento”.
Aos 50 anos, Evaldo
José dedicou 25 deles, ou seja, metade da vida, à locução esportiva. Começou a
narrar em 1995, na rádio AM “O Dia”. O início não foi dos melhores.
Inicialmente, trabalhava fazendo apuração para o plantão esportivo, até o dia
em que, na ausência de locutor, foi chamado para fazer a narração de uma
partida. Entretanto, a performance foi muito ruim e ele foi bem criticado. Mas,
segundo Evaldo, a crítica o motivou para treinar e, assim, aprimorar as
técnicas de locução.
“Com 5 minutos eu não
sabia mais o que falar. Secou a garganta, eu imitei todos os locutores que eu
já tinha ouvido na minha vida. Foi uma transmissão horrorosa, na verdade, para
ser horrorosa tinha que melhorar muito. Quando acabou a transmissão, o cara que
era o comandante e que havia pedido para eu narrar disse ‘Evaldo, volta para a
apuração, porquê se há uma coisa que você não nasceu para fazer é falar no
microfone’. E aquilo ressoou dentro de mim. Eu voltei para a apuração, mas
comecei a treinar em casa. Eu ia narrando o jogo em todo lugar, inclusive no
ônibus, até o dia em que tive uma nova oportunidade e o chefe gostou”.
Em seguida, passou
pela “Rádio Tamoio”, “Rádio Brasil”, o sistema Globo de Rádio, onde ganhou mais
fama, tendo a oportunidade de narrar três Copas do Mundo: 2006, 2010 e 2014.
Saiu em 2016 e, no ano seguinte, participou do SRzd, com transmissões online,
até chegar na BandNews e também na FlaTV, onde ficou até dezembro de 2019.
Ao longo da
trajetória, Evaldo citou algumas narrações marcantes, como a vitória do
Fluminense sobre o Boca Juniors por 3 a 1, pela semifinal da Libertadores de
2008, e a virada do Vasco em cima do Palmeiras por 4 a 3, na final da Copa
Mercosul de 2000. Já o gol de Petkovic pelo Flamengo em cima do cruz-maltino,
na final do Campeonato Carioca de 2001, foi muito importante para o narrador,
pois marcou o bordão “Que lindo!”.
“Eu fiz tantas
transmissões emocionantes na minha vida e todas elas estão conectadas aos
clubes do Rio. A narração do gol do tricampeonato do Flamengo, o gol do
Petkovic, foi a primeira vez que eu gritei ‘Que lindo!’. Felizmente, o Luiz
Mendes ouviu a narração desse gol depois e falou ‘Garoto, usa isso como bordão
sempre, porque é fantástico’. E eu, que só dizia ‘Que lindo!’ quando o gol era
muito bonito, passei a utilizar esse jargão em todos os gols”.
Paralelamente, ao
longo da carreira, Evaldo também trabalhava como professor de filosofia e
coordenador pedagógico. Ao todo, são 28 anos de magistério. Ele conta como era
dividir as salas de aula com os estádios.
“Era particularmente
puxado para mim quando eu trabalhei em uma escola que começava as aulas às 7 da
manhã e eu saía do Maracanã na quarta e na quinta-feira quase às 2 horas da manhã.
Mas, no geral, uma coisa acabava ajudando a outra. Quando estava ruim a
situação na escola, o futebol era uma terapia. Ou o contrário. Quando estava
complicado o trabalho do jornalismo esportivo, estar dentro de uma sala de aula
com os alunos, os colegas professores, ajudava a manter o equilíbrio”.
Entretanto, em
dezembro do ano passado, Evaldo José deixou a BandNews, a FlaTV e a escola em
que atuava, para fazer um trabalho voluntário na Tanzânia, África. Ele ficou de
janeiro até maio de 2020 morando com dois refugiados e fazendo ações sociais
humanitárias, onde, inclusive, abriu uma escola para duzentas crianças
refugiadas.
“Quando você completa
50 anos, você pensa que a maior parte da sua vida já passou. Então, comecei a
pensar bastante sobre isso e as minhas contribuições para deixar o mundo
melhor. Foi quando surgiu o convite para conhecer o trabalho social da
‘Fraternidade sem Fronteiras da África’. Eu fui lá em dezembro, fiquei 15 dias
dentro de um campo de refugiados, e voltei tão tocado com a realidade local,
que parei com tudo, agradeci aos locais onde eu trabalhava e retornei ao
trabalho voluntário, onde fiquei quatro meses. E foi a coisa mais legal que
vivi na minha vida”.
De volta ao Brasil,
Evaldo José vai retornar à locução esportiva. Na Super Rádio Tupi, ele vai
trabalhar novamente ao lado de José Carlos Araújo. De acordo com o narrador, o
Garotinho é uma das grandes inspirações dele. Inclusive, o locutor disse que
aprendeu muito com as técnicas dele.
“Eu sou muito da
escola de José Carlos Araújo. Eu tomei um susto uma vez. O Garotinho fez um
clássico no domingo e, quando eu cheguei na redação na segunda-feira, ele
estava sentado no escritório, com um rádio gigante, ouvindo outra vez o jogo
que ele narrou no domingo, as participações dos repórteres, comentaristas,
jornalismo, todo mundo que participou, e fazendo anotações. Depois ele reuniu a
equipe e fez uma avaliação com todo mundo, para ele tentar melhorar. Eu pensei
‘o cara narra futebol há anos e mesmo assim está tentando melhorar. Eu estou
chegando agora, preciso fazer isso’. Então, fui muito influenciado pelo jeito
dele, com a concentração e o estudo”.
Agora, Evaldo José
está na expectativa para o começo da jornada na Super Rádio Tupi. O narrador
disse estar emocionado com as mensagens que está recebendo de carinho dos
ouvintes e ressaltou que está “positivamente surpreso” com o ambiente da Tupi e
o acolhimento dos colegas de trabalho.
Da Redação da Tupi.
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