Terça feira, 28 de abril de 2020.
A emissora carioca quer redução entre 40% e 50% das cotas do
Brasileiro de 2020. Encurralados, sem jogos, clubes não têm saída.
Em grave crise financeira, a Globo avisa aos clubes. Vai diminuir cotas de transmissão. Foto; Reprodução / Sportv |
Desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, a verba publicitária,
vinda do governo federal, nunca foi tão baixa para a Globo.
A emissora carioca sentiu o baque. Demitiu mais de cem funcionários.
E promoveu uma reestruturação interna.
A determinação da cúpula da emissora carioca foi economizar, desde
então.
O que atingiu diretamente o futebol.
Por vários motivos, jornalistas importantes foram afastados.
Saíram demitidos ou pediram 'licença'.
Como Mauro
Naves, Tino Marcos, Marcos Uchoa.
Em 2019 foi
uma guerra com o Palmeiras.
A Globo
perdeu para o então campeão brasileiro, tendo de pagar mais do que esperava
para ter o direito de transmitir seus jogos no Brasileiro. Na tevê aberta e no
pay-per-view.
2020 começou
e outro conflito perdido.
Para o Flamengo.
O clube da Gávea, campeão da Libertadores e Brasileiro, não aceitou
receber R$ 16 milhões como os rivais Botafogo, Fluminense e Vasco, pelo
Carioca. Exigiu R$ 100 milhões.
E a Globo passou pela bizarra situação de não poder transmitir os
jogos do Flamengo. Não mostrou a final da Taça Guanabara, conquistada pelo
rubro-negro. De nada adiantou ter fechado a cota para os demais 11 equipes.
O Flamengo ainda entrou na justiça contra a Globo, questionando
cálculo da remuneração, à periodicidade dos pagamentos e ao ressarcimento de
despesas com viagens do Brasileiro.
Mas tudo pioraria.
Surge a
pandemia do coronavírus e trava o futebol mundial.
Sem jogos,
sem piedade.
A Globo parou de pagar as cotas dos Estaduais, que deseja se livrar,
pelas baixas audiências.
Clubes estão nas mãos da Globo. Sabem que receberão cotras menores em 2020 |
E também o pagamento das cotas que chegariam a R$ 22 milhões para cada
clube, o que representam 40% do combinado para 2020. Os demais 60% são divididos:
30% por número de jogos e mais 30% por colocação final do Brasileiro.
Só que o que vários dirigentes já estavam esperando aconteceu.
A informação foi dada por meu ex-colega de Jornal da Tarde, Marcel
Rizzo. E depois confirmada por este blog.
A emissora pretende pagar entre 40% e 50% a menos aos clubes.
Primeiro, nestas cotas atrasadas. Mas a diminuição pode chegar no número de
jogos e até na colocação.
Sem partidas
ao vivo e só com replays, os patrocinadores do futebol da Globo, Ambev, Casas
Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo, também estão pedindo redução nas
cotas que chegam a R$ 1,8 bilhão.
A emissora
carioca avisou aos clubes da Série A que os valores terão de ser revistos, por
conta do coronavírus.
Os
dirigentes estão sem saída.
Os clubes se
mostram pressionados financeiramente. Sem arrecadação, com patrocinadores
desistindo ou pedindo redução nos contratos, com os sócios-torcedores deixando
de pagar mensalidades. E sem as cotas de transmissão da Globo.
O blog
apurou que os dirigentes de clubes querem uma redução muito menor por parte da
Globo. Nada de 40%, 50%. Dizem possuir contrato assinado garantindo cerca de R$
1,2 bilhão por ano, no Brasileiro.
Mas sabem
que a conciliação é o menor caminho para passarem a receber.
A Globo quer
dividir R$ 8 milhões para cada equipe, como 40% dos direitos de transmissão,
até dezembro.
E também
acertar a redução no pagamento de número de jogos e colocação no Brasileiro.
Sem
receitas, os clubes precisam urgentemente de dinheiro.
E devem
aceitar.
Athletico/PR,
Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos também
esperam uma postura definitiva da AT&T, que comprou a Warner, que comprou a
Turner, dona da transmissão dos oito clubes na tevê a cabo.
Os indícios são fortes. Não há apenas o desejo da diminuição das
cotas, mas a rescisão de contrato até 2024.
A Turner, vendida à Warner, vendida à AT&T, rival da Globo com sérios problemas financeiros. Foto: Reprodução. / EI |
O que já era ruim, em termos de retorno financeiro, ficou perto do
inviável pela crise do coronavírus.
Ou seja, a televisão deste país jamais teve tantos problemas para
poder bancar as cotas de transmissão dos Estaduais e do Brasileiro.
Por isso, a pressão, a expectativa dos clubes para que o futebol volte
a ser jogado no Brasil.
Com portões fechados, mas transmitido pela tevê.
A partir do dia 16 de maio, em Santa Catarina, como o blog publicou há
seis dias.
O governador Carlos Moisés ficou de dar a resposta à Federação
Catarinense de Futebol ainda esta semana.
Os clubes jamais precisaram tanto do dinheiro da tevê.
Mas não vão processar a emissora por quebra de contrato.
Um processo tão complexo poderia levar anos.
A Globo sabe disso.
Mas sua fase de esbanjar acabou...
Por COSME RÍMOLI - Do R7
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