quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Futebol perde para corrida de camelos, e Mundial de Clubes fica em segundo plano em Doha.

Quarta feira, 18 de dezembro de 2019.
O Mundial de Clubes da Fifa poderia ser um aperitivo para a Copa do Mundo de 2022, que também será realizada no Catar, mas o futebol está longe de ser o prato principal do esporte para os moradores de Doha, que preferem as corridas de cavalos e camelos à bola. Nem mesmo a presença de times como Liverpool e Flamengo mexe com as emoções do povo local.
Corrida de camelo é algo comum no Catar — Foto: Getty Images
 Para tentar esquentar a relação dos catari com o futebol, o comitê organizador da Copa do Mundo fechou contrato com Xavi para ser garoto propaganda do Mundial. A imagem do ex-jogador da seleção espanhola e atual treinador do Al-Sadd, que participou do Mundial de Clubes, está estampada em outdoors e comerciais de TV.

Xavi também faz parte da Aspire Academy, responsável pela formação de jogadores de base no Catar. Os contratos de publicidade do ex-jogador são milionários.

- As corridas de camelo e cavalos são mais importantes para nós daqui, são esportes tradicionais do país - afirma Sadeq Baderaldin, jornalista muçulmano e produtor local.

Por conta do calor, as corridas de camelo são realizadas às 5h (horário local) em Al Shahaniya, pequena aldeia a uma hora do centro de Doha, onde se localiza uma grande pista. Na última sexta-feira, por exemplo, aconteceram alguns páreos.

Torcida paga
Para que os estádios não ficassem vazios em jogos de futebol era praxe em Doha que grandes empresários financiassem uniformes, transporte, alimentação e mais uma quantia em dinheiro para que "torcedores" marcassem presença nas partidas. Em 2020, está planejado que seja organizado um campeonato com 24 equipes.

- Meia dúzia de torcedores acompanhava os jogos do campeonato local, alguns recebiam dinheiro para torcer e tocar uns tambores. Mas aí na Copa Emir (torneio eliminatório entre quatro times) o estádio lotava. Mas isso porque sorteavam jet-sky e carros para os torcedores - recorda o ex-jogador Roger, que atuou, a partir de 2008, durante dois anos no Catar S.C.

Roger não acredita em maiores mobilizações do povo do Catar para a Copa do Mundo:

- A Copa não é feita para agradar o povo de Doha, mas sim para elevar o Catar como referência mundial nos esportes. O país tem sediado grandes eventos esportivos e tem seu nome em evidência.

E esse é quase um lema: falem bem ou falem mal, mas falem do Catar. É isso que tem acontecido desde que o país foi anunciado como país-sede da Copa do Mundo de 2022.
Fonte: NetFla.

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