terça-feira, 22 de outubro de 2019

Ninguém fez mais gols pelo Boca Juniors no Superclássico que um brasileiro: conheça Paulo Valentim!


Terça feira, 22 de outubro de 2019.

"Tim, tim, tim, gol de Valentim!", gritava a torcida do Boca ao maior artilheiro do clube em jogos contra o River Plate. Ele se casou com a prostituta que deu origem à personagem Hilda Furacão.
Ninguém fez mais gols pelo Boca Juniors no Superclássico que um brasileiro: conheça Paulo Valentim
Tão difícil quanto adivinhar o placar do jogo desta terça-feira entre Boca Juniors e River Plate, que vai definir um dos finalistas da Libertadores, é imaginar que um brasileiro é protagonista na história do confronto. Mas é verdade: nenhum outro jogador do Boca fez mais gols no Superclássico do que um rapaz chamado Paulo Valentim.

O atacante que faleceu há 35 anos, em julho de 1984, ocupa até hoje o posto de maior artilheiro do time xeneize em partidas contra o maior rival. Entre 1960 e 1964, ele enfrentou o River em sete ocasiões e marcou 10 gols. Nem Maradona, nem Palermo, nem Batistuta, nem Riquelme, nem Tévez, nem ninguém conseguiu superar a façanha do jogador natural da cidade de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro.
Nada mais justo que a torcida do Boca, famosa entre outras coisas por seus vários cânticos, inventasse algo para homenagear Paulo Valentim. Naquela época, o hit que ecoava nas arquibancadas da Bombonera era:
"Tim, tim tim, gol de Valentim"

Um canto bem simples, convenhamos. Da mesma maneira que simples era o que fazer gols parecia ser para Paulo Valentim. Os privilegiados que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar garantem que o atacante não era gênio, muito menos craque. Mas dispunha de uma explosão arrebatadora quando estava na área, além de senso de posicionamento e inteligência. Desse modo, fez 71 gols em 111 partidas pelo Boca Juniors e foi fundamental, por exemplo, na conquista do Campeonato Argentino de 1962 - encerrando o jejum de títulos do clube que já durava oito anos.
Paulo Valentim com a camisa do Boca Juniors na capa do jornal "El Grafico" — Foto: El Gráfico

Paulo Valentim com a camisa do Boca Juniors na capa do jornal "El Grafico"
— Foto: El Gráfico
  • 1960 - Paulo Valentim fez 11 gols em 20 partidas
  • 1961 - 24 gols em 30 partidas
  • 1962 - 19 gols em 26 partidas
  • 1963 - 7 gols em 14 partidas
  • 1964 - 10 gols em 21 partidas


  • Paulinho naquela tarde roubou o brilho de Garrincha, autor do outro gol do Botafogo, e teve sua atuação assim apresentada na capa do Jornal dos Sports do dia seguinte: "Mas as glórias da tarde couberam a Paulinho, autor de cinco gols, artilheiro absoluto do campeonato, símbolo da gana de gol do Botafogo e que se vê abaixo oculto pelos abraços que formam uma corrente humana em volta dele, o goleador".
    É até hoje o único jogador a marcar cinco gols numa final de Campeonato Carioca.

    Dizem os relatos que ele chegou a ser cogitado pelo técnico Vicente Feola para a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958, mas disputar vaga com atacantes como Zagallo, Pelé, Garrincha, Mazzola, Vavá e companhia é tarefa das mais ingratas. Paulinho, como bem sabemos, não fez parte do elenco campeão mundial na Suécia, mas foi convocado no ano seguinte e atuou ao lado de todos esse craques durante o Sul-Americano de 1959.
    Muito graças a ele, aliás, foi que o Brasil ficou em segundo lugar na competição. Numa partida acirrada contra o Uruguai, a Seleção perdia por 1 a 0 e sofria uma barbaridade para chegar ao empate. Paulinho entrou, fez três gols, garantiu a vitória por 3 a 1 e terminou o campeonato como vice-artilheiro da equipe, com cinco gols. Pelé, com oito, foi o goleador.
    Paulo Valentim, no centro, ao lado de Garrincha, Pelé, Didi e Zagallo pela seleção brasileira — Foto: Acervo
    Paulo Valentim, no centro, ao lado de Garrincha, Pelé, Didi e Zagallo
     pela seleção brasileira — Foto: Acervo

    Como a competição foi disputada na Argentina, os hermanos ficaram boquiabertos com aquele atacante fazedor de gols, e o Boca Juniors se apressou para lhe apresentar uma proposta. Poucos meses depois, ele embarcava rumo a Buenos Aires.

    O amor por Hilda e a decadência!

    Paulo Valentim era um beberrão, e isso era notável ainda nos tempos de Atlético-MG, quando o artilheiro se aventurava pelas noites de Belo Horizonte cortejando as prostitutas de todos os bordéis. Uma delas, no entanto, laçou o coração do jogador. Foi Hilda Maia, a mulher que inspirou a personagem Hilda Furacão, a quem a atriz Ana Paula Arósio deu vida na minissérie de sucesso tremendo da TV Globo em 1998.
    Quando foi para o Botafogo, as idas e vindas de Valentim para a capital mineira na ânsia de se encontrar com Hilda davam dor de cabeça aos dirigentes alvinegros. Até que, antes de se transferir para o Boca Juniors, ele decidiu levá-la ao altar. Os dois foram para Buenos Aires como marido e mulher, e a ex-prostituta pegou carona na excelente fase do goleador no Boca.
    "Um detalhe interessante é que a Hilda era tratada como uma espécie de primeira-dama no Boca", conta o jornalista Ariel Palácios.

    Por Tébaro Schmidt — Buenos Aires, Argentina

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