Sábado, 16 de setembro de 2017.
O jornalista Marcelo
Rezende morreu neste sábado (16), aos 65 anos, na zona sul de São Paulo. Um dos
maiores nomes do jornalismo brasileiro, o apresentador da Record TV lutava
contra um câncer no pâncreas e no fígado desde o final de abril. A informação
foi confirmada pelo Hospital Moriah, onde estava internado desde terça-feira
(12).
O velório será aberto ao público e acontece a partir das 10h da manhã
deste domingo (17), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Com a coragem que o
acompanhou ao longo da vida, o jornalista anunciou em rede nacional que estava
com a doença. Durante uma entrevista ao Domingo Espetacular no início de maio,
horas antes de ser internado pela primeira vez, Rezende disse que encararia a
doença de frente.
jornalístico que apresentava desde 2012. Foi
nessa última etapa da carreira que Marcelo Rezende se reinventou como
apresentador.
Novo jeito de apresentar
Entre denúncias e
notícias sobre violência urbana, Marcelo Rezende encontrou espaço para o bom
humor. Transformou os repórteres em personagens, deu apelidos à equipe técnica,
colocou o comentarista Percival de Souza sentado num trono. Criou bordões que
ganharam as ruas e já entraram para a história da TV brasileira. Um deles, o
“corta pra mim”, virou título de sua autobiografia (Editora Planeta, 2013). Um
breve resumo de uma vida rica de histórias.
Marcelo Rezende nasceu
no Rio de Janeiro, em 12 de novembro de 1951, fruto de um casal de baixa renda.
Filho de um bancário e uma funcionária da aeronáutica, decidiu, aos 16 anos, se
mudar para a Bahia e viver em uma comunidade hippie.
Talento reconhecido desde o início
Um ano mais tarde,
ingressou no jornalismo por acaso, durante uma visita à redação do Jornal dos
Sports, no Rio de Janeiro. Rezende tinha apenas 17 anos e foi convidado para
trabalhar como repórter na cobertura de futebol. Foram o talento e as amizades
que conquistou lá que o levaram para a Rádio Globo e, na sequência, O Globo. No
jornal carioca, onde trabalhou por sete anos, teve a chance de ficar próximo do
ídolo, Nelson Rodrigues.
Antes de chegar à
televisão, o jornalista ainda passou pela revista Placar. Só então, em 1987,
foi contratado como repórter esportivo pela TV Globo. Com pouco tempo na
emissora carioca, migrou para o jornalismo investigativo — área que marcou a
sua carreira profissional. Participou de coberturas importantes e saiu na
frente em várias delas. Um exemplo é a investigação sobre a fuga de PC Farias,
tesoureiro da campanha de Fernando Collor, em 1993.
Favela Naval: prêmios e debate internacional
Mas a matéria de maior
repercussão na carreira do apresentador foi um caso de violência policial na
Favela Naval, em Diadema, na grande São Paulo. A denúncia feita por Rezende em
31 de março de 1997 no Jornal Nacional causou indignação no País, rodou o mundo
e colocou os direitos humanos na pauta da sociedade. Pelo trabalho, Rezende
recebeu os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e o Líbero
Badaró.
No ano seguinte, o
jornalista voltou a ser premiado no Líbero Badaró por uma denúncia de vendas de
armas, também exibida no Jornal Nacional. Ele já havia conquistado, em 1994, o
diploma de honra ao mérito do Festival de Filme e Televisão de Nova York pela
reportagem Trabalho do Menor, exibida no Globo Repórter.
Linha Direta: o início como apresentador
A estreia como
apresentador foi no Linha Direta, em 27 de março de 1999. O jornalista
participou ativamente do projeto que colocou o programa policial que
reconstituía crimes praticados por foragidos da justiça de volta à grade da
Globo — a primeira versão, feita em 1990, durou só quatro meses no ar. De
acordo com a emissora carioca, Rezende dizia que “a proposta do Linha Direta
era, desde o princípio, condenar a impunidade e retratar os casos policiais com
o máximo de verossimilhança”. Isso era possível pois, além de contar histórias,
a atração incentivava os telespectadores a denunciar o paradeiro dos criminosos
ou fornecer pistas que ajudassem na solução dos casos. O jornalista trabalhou
sete meses montando uma equipe de 50 profissionais para colocar o programa no
ar.
Rezende deixou a Globo
e, em 2002, foi para a Rede TV!, onde assumiu a apresentação do telejornal
policial Repórter Cidadão.
Em 2004, foi
contratado pela Record TV, como apresentador da primeira versão do Cidade
Alerta. Ficou até 2006, quando foi contratado novamente pela Rede TV! para
ancorar o RedeTV!News, principal jornalístico da casa. Deixou a emissora em
2008. Dois anos depois, estreava na Band no comando do Tribunal na TV — atração
nos mesmos moldes do Linha Direta.
Ainda em 2010, Rezende
voltou para a Record TV, como repórter especial do Domingo Espetacular. No ano
seguinte, virou apresentador do Repórter Record. Mas, em 2012, Marcelo Rezende
reassumiu o comando do Cidade Alerta e, com uma dose de irreverência, mudou o
jeito de fazer programa policial na televisão brasileira. A inovação deu certo
e fez história. Em setembro de 2015, o vespertino venceu por pelo menos três
vezes o Jornal Nacional, fato até então inédito na televisão. Quando não ficava
na frente, por várias vezes o Cidade Alerta empatava no período de confronto
direto entre os dois noticiários. Um marco histórico, já que, desde a estreia,
em 1969, o Jornal Nacional sempre teve a liderança isolada de audiência.
O sucesso foi
interrompido pela descoberta do câncer agressivo, em exame realizado em 28 de
abril. Mesmo após o diagnóstico, Marcelo Rezende apresentou três edições do
programa e fez questão de não abandonar a legião de fãs. Durante o período em
que esteve fora do ar, usou as redes sociais para se manter em contato com o
público. Em todas as mensagens, passou demonstrações de confiança e fé.
Marcelo Rezende deixa cinco filhos e
uma neta.
Foto: Reprodução
Marcelo Rezende
começou a carreira em jornais impressos esportivos, mas foi na televisão, com
matérias investigativas, que o apresentador se destacou ao longo de 30 anos
dedicados à telinha
Fonte: R7.com
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