Quinta feira, 03 de dezembro de 2015.
Será preciso mais do
que conseguir a vaga em campo para poder jogar o Campeonato Brasileiro. A CBF
está colocando de pé o seu sistema de Licenciamento de Clubes – na prática um
regulamento que vai obrigar os clubes a cumprirem uma série de requisitos para
poderem se inscrever em seus campeonatos.
Manoel Flores, diretor de competições
da CBF:
"A ideia é colocar o projeto na
rua o quanto antes"
(Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
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O modelo a ser seguido é o da Uefa,
que exige dos clubes o cumprimento de critérios – estruturais, financeiros,
jurídicos, de pessoal, além de esportivos, claro – para permitir que eles
disputem seus torneios. Em linhas muito amplas, na Europa os clubes precisam
demonstrar que têm estádio e centro de treinamento adequados; que investem em
categorias de base, que seus atletas têm supervisão médica; que seus
profissionais (da comissão técnica a cartolas) sejam especializados em suas
áreas; que as finanças (salários, impostos) estejam em dia. As punições vão de
multa a exclusão de campeonatos. O regulamento tem 94 páginas e está no site da
Uefa, em inglês. O plano da CBF é exigir tudo isso dos clubes a partir de 2017
ou 2018. Com a sanção do Programa de Modernização do Futebol Brasileiro
(Profut), a entidade deve prever obrigações financeiras às equipes já em 2016.
O italiano Andrea Traverso, Diretor de Licenciamento e Fair Play Financeiro da
Uefa, esteve nesta semana na sede da CBF, no Rio, para falar sobre como o
programa funciona na Europa, onde é praticado há 15 anos. Não há razões para
isso não ser implantado no Brasil. Essa plataforma é um bom jeito de mudar para
melhor a governança dos clubes. Na Europa nós encontramos alguma resistência,
algum ceticismo, mas nós conseguimos convencer as federações nacionais e os
clubes de que isso era algo bom – declarou Traverso ao GloboEsporte.com em
entrevista por telefone.
O cartola europeu cita
uma longa lista de clubes punidos e impedidos de participar de competições por
não terem cumprido as regras de licenciamento. Mallorca e Málaga na Espanha,
Parma e Genoa na Itália, Glasgow Rangers na Escócia, Southampton na Inglaterra,
CSKA Sofia na Bulgária... Quase sempre por problemas financeiros, por não estar
em dia com impostos ou salários. Em quase todas as federações nacionais tivemos
pelo menos um caso. Mas isso é parte do jogo, prefiro medir o sucesso do
programa não pelas punições aplicadas, mas pelo outro lado da moeda. Os clubes
melhoraram. O diretor de competições da CBF, Manoel Flores, afirmou que o
"primeiro esboço" do projeto está pronto, e que haverá algumas
discussões ainda antes de ser de fato implementado. Num primeiro momento, as
regras valeriam para todas as Séries do Campeonato Brasileiro, mas não para a
Copa do Brasil. O ano que vem (2016) deve ser dado como prazo para que os
clubes se adaptem. Será um ano de diagnóstico, de ajustes no projeto, no
regulamento. A CBF vai ter uma estrutura responsável por isso, por avaliar cada
setor. Haverá duas instâncias, dois órgãos, um para avaliar se concede ou não a
licença e o outro de recurso, uma segunda instância, para o caso de licenças
não concedidas. Manoel Flores diz que a implantação das regras de licenciamento
são "uma demanda do mercado" e que a a CBF "não quer fazer nada
de forma atropelada".
A ideia é colocar o
projeto na rua o quanto antes, mas sem causar distorções. Não queremos punir os
clubes, mas elevar o patamar do futebol brasileiro como um todo. Queremos
aumentar o nível de exigência para que possam ficar financeiramente mais
saudáveis e com estruturas administrativas mais modernas. Por Martin Fernandez/São Paulo
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