domingo, 6 de setembro de 2015

Tristeza...

Domingo, 06 de setembro de 2015.
Trago para debate do leitor uma velha discussão que é predileção por times de fora do estado. Não quero – e nem tenho este poder – de dizer para quem o cidadão livre deve torcer ou não, respeito a posição de cada, como entendo que a minha deve ser respeitada. Torcer por times de outros estados, por “times de fora”  principalmente do Rio é cultural dizem alguns, já que em décadas passadas, as emissoras cariocas tinham penetração muito forte no RN e o futebol da terra estava começando aparecer. Mas hoje eu não consigo entender esta verdadeira loucura por Flamengo, Vasco e afins. 

Hoje o futebol do RN ocupa espaço no cenário nacional, tem conquistas importantes no Brasileiro, Copa do Brasil e Copa do Nordeste e já justifica na minha visão tanta paixão e tantos mistos espalhados na terra de Poti e de Câmara Cascudo. Nesta realidade que é cada vez menor no Brasil,  mas muito presente no Rio Grande do Norte existe uma parcela de culpa da dupla ABC e América, que durante muito tempo focaram ações apenas na capital, e que precisam expandir investimento de marketing para o interior do estado. É preciso criar nos jovens torcedores o amor pelas cores e pela história de ABC, América, Alecrim, criar uma nova geração que seja torcedora do time e não de resultados, que seja fiel e não da moda, do momento. Eu confesso que fico triste quando vejo, como vi quarta-feira na Arena das Dunas, crianças e jovens nordestinos, potiguares beijando o escudo do Flamengo, torcendo pelo Flamengo e que não conhecem a história do ABC, do América, do Alecrim. Ver que os pais incentivam este amor pelos times de fora e que não fazem a mesma coisa com os times daqui.  Ouvi de um pai orgulhoso: “ Meu filho entrou com aquele camisa 8 do Flamengo, como é mesmo o nome dele? “ este tipo de coisa para mim tem o peso de um soco no estômago, daqueles de tirar o ar!   Sei que pareço chato para uns, arrogante para outros, pretensioso para outra camada, mas minha gente, torcer por times de fora, colocar em primeiro lugar um time do RJ, SP, RS ou MG, só é aceitável se o camarada nasceu lá, veio morar em Natal e trouxe logicamente esta paixão de berço, mas o potiguar nascido aqui, que mora aqui, que vive nesta terra abençoada por Deus, dizer que sou “ Flamengo e ABC”, “Vasco e América” ou coisa que o valha, para mim é deprimente, triste.
Pagam sem reclamar
Para Flamengo x Avaí neguinho pagou sem reclamar até 120 reais pelo ingresso, e quando chega um jogo de ABC e América não quer pagar 40 ou 50 reais. Exige promoção, pede ingresso a preço de bolo. Comprar camisas de ABC, América ou dos clubes daqui? De jeito nenhum, mas ostentam com orgulho camisas de times de fora. A gente está tão perto de Pernambuco e não consegue tomar como modelo o bairrismo, o amor às coisas da terra dos pernambucanos. Tentem levar um jogo do Flamengo para Recife no mesmo dia em que estejam jogando Sport, Náutico ou Santa Cruz pelo Campeonato Estadual! As atenções todas – principalmente da MÍDIA – estarão voltadas para os times da terra!  Os caras são bairristas no bom sentido, e ser bairrista é diferente de ser xenófobo. Vamos para o Norte! Tentem levar um jogo de Flamengo para Belém em dia de jogo de Remo ou Paysandu e vejam quem vai ocupar mais espaço na MÍDIA e na preferência dos torcedores! A gente precisa no RN, em Natal, em Mossoró, em Caicó, copiar este bairrismo sadio, este bairrismo bom, este bairrismo positivo. Primeiro o nosso futebol, depois o nosso e em seguida o nosso e quando não tiver mais espaço, o privilégio continua sendo para o nosso futebol. E mais uma reafirmo que a opinião é minha e não representa necessariamente a opinião dos veículos onde trabalho.
Por Marcos Lopes (Natal).
 PARCEIROS

Nenhum comentário:

Postar um comentário