Cruzeiro tinha apenas 10% dos direitos de Lucas Silva (Foto), mas,
em negociação de venda para o Real Madrid, bateu pé em 50% e foi atendido por
investidores. Pela nova regra, clubes passarão a ter 100% dos atletas em novos
contratos.
Entra em vigor nesta
sexta-feira, 1º de maio de 2015, a proibição da participação de fundos,
investidores e empresas em contratos de jogadores, medida tomada pela Fifa no fim do ano passado. A lei promete mexer
com o mercado internacional e afetar clubes brasileiros. Pelo mundo, a medida
vai afetar contratos avaliados em mais de R$ 3 bilhões e fundos de
investimentos já mergulham na busca de um novo modelo para continuar a aplicar
no futebol. Nos últimos anos, foi o dinheiro
aplicado por investidores que permitiu, por exemplo, salários elevados nos
endividados clubes brasileiros. Segundo a Fifa, esse sistema retirou do
clube o controle sobre seu elenco. A medida foi adotada agora para “proteger a
integridade do jogo e dos jogadores e a independência dos clubes ao tomar a
decisão sobre quem recrutar e sobre quem transferir".
Contratos
existentes continuarão em vigor, mas não podem ser renovados. E os que
foram fechados entre 1º de janeiro de 2015 e 30 de abril terão a validade de
apenas um ano. O risco, segundo fontes do setor, é de que clubes pequenos do
interior do Brasil passem a ser “alugados" por fundos de investimentos
para permitir a manutenção do esquema. No lugar de uma empresa de fato ser a
proprietária de um jogador, ela o camuflaria com a assinatura e a estrutura de
um time. O debate começou em 2007, quando o empresário Kia Joorabchian criou
uma polêmica internacional nas transferências dos argentinos Carlitos Tevez e
Javier Mascherano do Corinthians para o West Ham, da Inglaterra. O caso levou a
Uefa a colocar como um de seus objetivos a erradicação de empresas que
controlem jogadores.
A CBF tentou convencer
os demais dirigentes da Fifa a optar por uma regulamentação e não a extinção do
sistema. Conseguiu apenas o apoio dos sul-americanos. No final de 2014, a
Europa reuniu votos suficientes para a aprovação da medida. A realidade é que,
a partir de agora, dezenas de contratos de jogadores brasileiros poderão ser
afetados e principalmente a capacidade de clubes de manter seus elencos.
Neymar, por exemplo ficou no Santos por um tempo maior do que se cogitava
graças aos investidores. Paulo Henrique Ganso, no São Paulo, também vive
situação parecida. No Brasil, elencos como os de Corinthians, Internacional e
Botafogo estariam entre os mais afetados. Segundo a Bichara e Motta Advogados,
80% dos elencos da Série A vivem sob esse regime. Na Europa, Espanha e Portugal
entraram com um processo legal contra a Fifa nos órgãos da Comissão Europeia
diante da constatação que dezenas de seus jogadores só são pagos graças aos
investidores. O fundo Doyen Sports, que já investiu 80 milhões de euros em
jogadores desde 2011, entrou com processo em uma corte de Paris contra a
decisão da Fifa. A audiência está marcada para o fim de maio. Números da KPMG
revelaram que mais de 1,1 mil jogadores na Europa são de propriedade de grupos
financeiros e não de clubes. Juntos, esses investidores poderiam formar cerca
de 50 times de futebol. No total, mais de US$ 1,2 bilhão (R$ 3 bilhões) estão
investidos nesses jogadores.
Fonte: O Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário