SEXTA FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2014.
Jogador Héverton
O meia Héverton foi
escalado premeditadamente de maneira irregular pela Portuguesa na última rodada
do Campeonato Brasileiro do ano passado em troca de vantagens financeiras para
funcionários do clube.
Com a irregularidade,
a equipe foi punida com a perda de quatro pontos e acabou rebaixada para a
Série B - na semana passada, faltando cinco rodadas para o fim do torneio, o
clube caiu novamente, agora para a Série C.
A grosso modo, a
Portuguesa vendeu a sua vaga na elite do futebol brasileiro. O Ministério
Público quer saber agora quem comprou. Essa é a principal conclusão do
inquérito civil do MP de São Paulo que investiga irregularidades na escalação
de Héverton e ainda está em andamento.
A conclusão do MP
reitera as declarações do presidente de Portuguesa, Ilídio Lico ao blogueiro do
Yahoo Jorge Nicola de que a escalação de Héverton foi premeditada. Pelo menos
três provas principais sustentam a conclusão do órgão.
A CBF enviou um
e-mail, via Federação Paulista de Futebol (FPF), que foi aberto pela
Portuguesa. Pelo menos seis funcionários tinham a informação, de acordo com o
MP. Além disso, a Portuguesa sabia do julgamento do jogador, pois foram
descobertas conversas telefônicas entre o departamento jurídico e o advogado do
clube na sexta e no sábado anteriores ao jogo, realizado no domingo.
Por fim, os
funcionários fizeram todos os procedimentos de rotina antes da partida, como a
preparação de uma pasta com as informações sobre jogadores suspensos e
pendurados que seria entregue para a comissão técnica. A pasta foi preparada
para o então técnico Guto Ferreira, mas não trazia a punição.
O próximo passo da
investigação é descobrir a movimentação financeira que concretize a fraude.
Para isso, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)
quebrou o sigilo bancário dos funcionários da Portuguesa.
Ainda de acordo com o
MP, os valores podem variar de R$ 4 milhões a R$ 20 milhões. A partir desta
movimentação, os promotores esperam encontrar pistas sobre quem teria
“comprado” a vaga. As principais suspeitas recaem sobre o Flamengo, que se
salvou do rebaixamento com a punição da Portuguesa, e o Fluminense, que também
estava ameaçado.
RELATÓRIO!
Paralelamente à ação
do MP, a Portuguesa está investigando internamente o caso. Manuel da Lupa,
presidente do clube à época, foi suspenso de suas atividades. Diretores do
clube afirmam que ele pode ser responsabilizado cível e criminalmente em um
processo que deve chegar a R$ 30 milhões.
Da Lupa também é alvo
de um processo de expulsão do quadro de sócios. Ele conseguiu uma liminar na
Justiça que evita a discussão do assunto na pauta do órgão sob pena de multa de
R$ 50 mil.
O ex-presidente do
clube não retornou as ligações da reportagem. Na próxima semana, a Comissão de
Ética da Portuguesa deverá apresentar um relatório para o MP com suas
conclusões. “Prefiro esperar o relatório para fazer algum posicionamento”,
afirmou o presidente do Conselho Deliberativo, Marco Antonio Teixeira.
Depois de ter afirmado
que acreditava na tese da premeditação da escalação de Héverton, o que motivou
duras críticas de diretores do clube, o presidente Ilídio Lico preferiu se
calar. “Vamos aguardar as investigações”, limitou-se a dizer.
A queda para a Série B
agravou a crise financeira do clube, que dependia das cotas de tevê para se
sustentar, e se transformou em uma crise técnica. Foram apenas três vitórias em
33 jogos na Série B, novo descenso e a queda para a Série C em 2015.
Fonte: Estadão.
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