QUINTA FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2014.
Thomas Rodrigues
(esq.) ao lado do radialista
potiguar Levi Araújo
(Foto: Ricardo Silva)
O sonho de um potiguar
de se tornar jogador de futebol ultrapassa a condição física ideal para o
esporte. A briga com a balança desde a infância e o preconceito que sofre em
campo não tiram de Thomas Rodrigues a esperança de ter um longo futuro na
carreira. Aos 16 anos, o goleiro da escolinha de futebol Manoel Tatu, do
município de Touros, chama atenção por pesar 108 kg, mas se destaca na equipe
por conta da desenvoltura e da habilidade que mostra nos jogos. Sempre tive
problema com peso, mas não tenho tanta dificuldade em jogar bola. Tenho
habilidade e sou rápido, mas seria melhor se eu perdesse alguns quilinhos -
brinca o jovem goleiro. O caminho no futebol começou aos 10 anos junto com o
pai. Agora comerciante, Getúlio Igínio chegou a jogar nas categorias de base de
clubes amadores da Grande Natal, mas, por devido a uma lesão no joelho, teve
que abandonar o futebol. Mesmo assim, apoiou a decisão do filho em ser jogador
de futebol. No entanto, a influência sobre o jovem ficou ainda mais forte com a
presença de um primo que se tornou jogador profissional e ídolo de um dos
maiores clubes do Rio Grande do Norte, o atacante João Paulo, do ABC. A
escolinha Manoel Tatu, por sinal, foi fundada por João Paulo, no distrito de
Boa Cica, que fica no município de Touros, no litoral norte do Rio Grande do
Norte.
Thomas (de verde) é o
goleiro do time sub-16 da escolinha
de futebol Manoel Tatu (Foto: Arquivo Pessoal)
Ele (João Paulo) é meu
primo e me ajuda no futebol. Sou goleiro do time da escolinha que ele montou e
mesmo na posição de goleiro, que sofre um pouco mais de pressão, tenho apoio da
minha família - disse Thomas.
Briga contra a balança
O excesso de peso
acompanha Thomas desde a infância. O problema de saúde é controlado pelos pais
do jovem goleiro, que, mesmo tendo uma rotina de atleta, extrapola quando o
assunto é comida. Mesmo com a prática esportiva, ele pesa atualmente 108 kg,
mas chegou a pesar quase 120 kg. Por jogar como goleiro, o jovem conta que a
mobilidade durante os jogos é um pouco prejudicada, e supera as barreiras com
os treinos diários. Mesmo assim, conta que se sente discriminado por algumas
pessoas em virtude dos "quilinhos a mais" e sempre ouve alguns
xingamentos, mas ganha o apoio dos amigos da escolinha. No amistoso entre a
Escolinha de Manoel Tatu e o time sub-16 do ABC, realizado no início do mês, no
Estádio Frasqueirão, o placar terminou em 1 a 0 para o Alvinegro. Contudo,
Thomas foi um dos destaques da equipe de Touros. O pessoal do meu time me
apoia. No jogo contra o ABC, a torcida ficou pegando no meu pé, falando alguns
nomes, mas eu tento não prestar atenção nisso - relata.
Sonho rubro-negro
Thomas brinca que
iniciou a jogar como volante, mas a dificuldade para correr atrás da bola o fez
mudar de ideia. Outro motivo foi o goleiro Felipe, afastado do Flamengo desde a
chegada de Vanderlei Luxemburgo, de quem é fã. Comecei jogando como volante
quando criança, mas, com o passar do tempo, acabei mudando para o gol, por ver
alguns jogadores na posição. Acho Felipe um grande goleiro e me inspirou a ser
também goleiro. Ele e Paulo Victor (goleiro titular do Flamengo) são os
melhores goleiros do Brasil - festeja Thomas. O bom desempenho de Thomas também
é elogiado pelo primo "famoso". Para o atacante João Paulo, do ABC, o
jovem goleiro mostra que tem qualidade e que as críticas não o abalam. As
pessoas precisam ver a qualidade que ele tem e não o peso, para tirar onda,
como vi no jogo. Mas isso não abala ele. Que ele continue buscando seu sonho,
sempre trabalhando forte - lembrou.
Por Jocaff Souza/Natal.
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