SEXTA FEIRA, 07 DE MARÇO DE 2014.
Teste se mostrou mais preciso do que o PSA para detectar a
doença. No entanto, ainda não é alternativa e sim um complemento para esse
exame ou o de toque retal.
Um novo teste para diagnosticar o câncer de próstata de forma
mais rápida e prática do que os exames disponíveis atualmente pode chegar ao mercado no ano que
vem. Ele consiste em identificar, na
urina do paciente, a presença de uma proteína chamada engrailed-2, ou EN2,
que é produzida por células cancerígenas da próstata.
Em anúncio feito nesta
semana, pesquisadores da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, onde o exame
EN2 foi desenvolvido, revelaram uma parceria com o laboratório britânico Rodox,
que vai passar a fabricar e comercializar o teste a partir dos estudos
desenvolvidos pela universidade. Para que possa ser aplicado na prática
clínica, porém, o exame ainda precisará ser submetido à aprovação das agências
reguladoras de cada país em que ele for utilizado.
Atualmente, o
diagnóstico do câncer de próstata é feito principalmente pelo exame de PSA
(proteína presente no sangue que, em altos níveis, pode indicar a doença) e o
de toque retal. Um exame não exclui o outro – o ideal é que o paciente seja
submetido aos dois testes. Isso porque, enquanto o PSA fornece informações como
a progressão da doença e as chances de recorrência do câncer, o exame de toque
pode dizer qual é a extensão do tumor e ajudar o médico a escolher o melhor
tratamento para cada caso. Se derem positivo, os resultados de ambos os exames
precisam ser confirmados por uma biópsia.
Precisão — Um estudo mostrou que o teste de urina que mede a proteína EN2 detecta
o câncer de próstata com uma precisão aproximadamente duas vezes maior do que a
do exame de PSA. “Enquanto o novo teste
parece diagnosticar entre 60% e 70% dos tumores na próstata, o PSA,
sozinho, identifica cerca de 30% a 40%”, diz Gustavo Cardoso Guimarães,
cirurgião oncologista e diretor de urologia do Hospital A. C. Camargo, em São
Paulo.
Além disso, a mesma
pesquisa indicou que ele praticamente não oferece falsos diagnósticos
positivos. Segundo os resultados, o teste de urina deu o diagnóstico correto a
90% dos pacientes que não tinham câncer de próstata. Os outros 10% apresentavam
um grau muito pequeno da doença, que não era clinicamente significante.
Segundo Guimarães, isso
pode evitar procedimentos invasivos e tratamentos desnecessários em pessoas que
têm a doença, mas que não apresentarão sintomas clínicos ou terão a saúde
prejudicada. Essa é uma vantagem sobre o PSA que costuma dar resultados
falsamente positivos. "Dois terços dos pacientes submetidos à biópsia após
o PSA indicar suspeita de câncer não possuem a doença”, diz o médico.
Características — O novo teste de urina também parece dar informações sobre a
extensão da doença, ou seja, o quão a próstata está comprometida com o tumor,
segundo um estudo publicado em 2012. No entanto, o exame não diz qual é a
gravidade da doença e nem prevê se haverá recorrência do tumor – o que pode ser
detectado com o PSA. Além disso, diferentemente do exame de toque retal, não
possibilita que o médico identifique o volume da próstata, o tamanho dos
tumores locais ou o melhor tratamento para o paciente.
Por isso, o exame de
urina, se for provado eficaz em pesquisas maiores e mais relevantes, não
eliminaria a necessidade de o paciente passar pelos exames de PSA e de toque,
mas sim serviria como um complemento não invasivo e mais prático para um
diagnóstico mais preciso.
"É um teste
extremamente promissor, mas ainda precisa ser submetido a pesquisas maiores
para que receba a aprovação das agências reguladoras. Se for comprovado, sem
dúvidas trará um enorme benefício aos pacientes”, afirma Guimarães. "Esse
teste pode levar a um diagnóstico mais rápido, o que ajudaria a salvar milhares
de vidas, além de ter o potencial de reduzir os custos com a doença", diz
Hardev Pandha, professor da Universidade de Surrey que coordenou as pesquisas
sobre o novo exame.
Fonte: Veja.
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