domingo, 5 de setembro de 2010

MULHERES INVADEM "CLUBE DO BOLINHA"

05-09-2010 - TN Online

O que antes era um verdadeiro “Clube do Bolinha”, ter aulas de defesa pessoal ou artes marciais já é, hoje, uma coisa atrativa para as mulheres. Tanto, que numa das academias mais procuradas, como a Escola Gracie Barra do Rio Grande do Norte, situada em Nova Parnamirim, pelo menos 30% dos 80 alunos que treinam jiu jitsu são mulheres. Além da conquista de um melhor condicionamento físico, o diretor da academia, que é uma franquia da famosa academia da família Gracie do Rio de Janeiro, professor Itácio Lisboa, afirma que a mulherada, atualmente, também procura a prática de uma arte marcial para aprender defesa pessoal.

Aldair DantasA estudante Mônica dos Santos e a secretária executiva Ilane Virgílio treinam jiu-jitsu para modelar o corpo, desenvolver técnicas de defesa pessoal e combater o estresseA estudante Mônica dos Santos e a secretária executiva Ilane Virgílio treinam jiu-jitsu para modelar o corpo, desenvolver técnicas de defesa pessoal e combater o estresse
No caso do jiu jitsu, Itácio Lisboa explica que em uma hora de treinamento “se perde entre 700 e 1.500 calorias”, bem mais que em outras atividades físicas, como corrida ou ginástica aeróbica, “onde se perde, no máximo, 900 calorias”.

O professor Lisboa informou que tem uma aluna na sua academia, que funciona na rua rua das Algarobas, nº 110, em Cidade Verde, que em virtude do risco inerente à sua profissão – oficial de justiça -, já passou por uma situação de violência e, por isso, decidiu entrar na academia para aprender defesa pessoal: “O trabalho dela é perigoso, mas defesa pessoal não é só para se defender, é também para evitar a violência”.

Para Lisboa, quando uma pessoa está bem condicionada fisicamente e treina defesa pessoal, “só pelo fato dela saber, isso a torna mais segura”.

Em ocasiões que essas pessoas podem passar por situação de violência, vão saber se há necessidade de reagir contra um ato dessa natureza. “Nesses casos elas podem protelar a reação e só agir no momento certo”, disse ele.

Uma das 40 alunas de jiu jitsu da Academia Gracie Barra-RN, a secretária executiva Ilani Virgílio, disse que a prática dessa arte marcial foi muito benéfica “para tirar o estresse” do dia a dia. Ela disse que aliado ao fato de procurar o melhor condicionamento físico, também escolheu o jiu jitsu para aprender defesa pessoal. “Veja o mundo ai fora, muita violência”.

Para ela, é importante uma prática de defesa pessoal, porque ninguém sabe o que pode encontrar pela frente numa: “É bom até para a gente aprender a se esquivar”.

Ilane Virgílio pratica jiu jitsu ao lado do namorado Marcos Antonio Barros, com quem chega a brincar, na hipótese de ter uma briguinha entre os dois: “A gente pega ele e dá uns treinos”.

Para Marcos Barros, o fato de treinar junto com a namorada contribui para melhorar a relação entre os dois: “Um cuida do outro”.

Ele disse que a deixou à vontade para escolher a academia na qual desejava aprender jiu jitsu: “Não queria que ela viesse simplesmente porque eu era daqui”.

A estudante Mônica dos Santos que “não sentiu nenhum preconceito” dos homens com relação ao fato das mulheres decidirem pela prática do jiu jitsu. “A gente traz o toque feminino”, disse ela.

Resistência física é estimulada

Com 100 alunos espalhados em academias de Natal e do interior, o professor Marcelo Sena diz que “pelo menos 10% dos alunos de kung fu são mulheres”. A maioria delas, segundo ele, procura as academias “para cuidar do corpo” e ganhar resistência física. Poucas são as mulheres, segundo ele, que querem aprender kung fu para a defesa pessoal. Quando isso ocorre, explica Sena, mudam logo de idéia porque a filosofia da arte marcial “é de pregar a não violência”.

Uma pessoa bem treinada também ganha em defesa pessoal, embora a orientação de é que, em caso de violência, “ninguém deve reagir”, principalmente em casos de assaltos, quando o oponente está armado, porque o risco de sofrer alguma violência “é muito grande”.

Sena diz que que na matriz da Academia Shaolin Kung Fu Garra de Águia, que funciona rua Luzia Bezerra, 244, em Rosa dos Ventos, Parnamirim, as mulheres que estão treinando têm entre 17 e 25 anos. “Elas resolvem treinar por questão de estética e manutenção da saúde”, continuou ele.

A estudante Fernanda Cruz, 17 anos,tinha dado uma parada, mas resolveu voltar, pior insistência dos amigos. “Eu treino pelas duas coisas, melhorar a condição física e aprender uma defesa pessoal”, disse ela, que em caso de sofrer algum tipo de ameaça, fala em reagir “somente se não tiver outra alternativa”.

Mesmo tendo passando por diversas situações de assalto em Parnamirim, as irmãs Maria de Fátima e Maria Aparecida Lucas diz que resolveram praticar arte marcial “mais para trabalhar o corpo” e mais para tirar o estresse “depois de um dia corrido de trabalho”.

Com relação à defesa pessoal, Aparecida diz “que é bom aprender”, mas isso não é o foco principal, porque “não é aconselhável se correr o risco de reagir a uma violência”. O inspetor de qualidade Joanderson Alberto diz que está há dois anos na academia, mas depois que as meninas entraram lá, não viu nenhuma situação de preconceito em relação a elas.

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