Domingo, 22 de março de 2020.
Uma das lideranças dos
clubes brasileiros, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt,
revelou neste domingo, 22/03, uma proposta elaborada pelos clubes para "salvar
o futebol brasileiro" em meio à pandemia do novo coronavírus. O
objetivo é equilibrar as finanças das agremiações, que já vêm sofrendo com
a perda de receita e queda no fluxo de caixa.
Clubes vão propor medidas para conter gastos e salvar finanças. Foto: Lucas Figueiredo / CBF |
"O Fluminense já
está sofrendo as consequências, como outros clubes. Tivemos
patrocinadores cancelando contratos, estamos sem as receitas, obviamente,
de bilheteria, venda de camisas, atrasamos o lançamento da nova camisa que
seria hoje até. Estamos reduzindo muitas receitas, não tem como
vender atletas. O Corinthians já teve patrocínio cancelado, Flamengo, Vasco, o
próprio Maracanã, vi uma matéria hoje mais cedo que o Barcelona está sofrendo.
Imagina, se eles sofrem, imagina os brasileiros", disse o dirigente, em
entrevista ao canal SporTV.
Além de presidente do
Flu, Bittencourt atua como porta-voz da Comissão Nacional de Clubes. Ele
revelou que representantes de clubes das quatro divisões do futebol
brasileiro se reuniram na sexta-feira, por videoconferência, para
discutir a proposta apresentada à Federação Nacional dos Atletas
Profissionais de Futebol (Fenapaf).
"Tem uma comissão
de clubes das séries A, B, C e D, que já existia anteriormente. Eu faço parte
junto com Grêmio, Palmeiras, Bahia e Atlético. Na sexta, fizemos
uma grande videoconferência, uma reunião com mais de 20 clubes presentes, e
tentamos desenvolver uma proposta de acordo, deixando claro que não é algo
unilateral, é algo para ser levado aos atletas. É algo para minimizar o
prejuízo que nós temos como clubes, que os atletas têm, os jornalistas têm. A
ideia é tentar manter o maior número de empregos possível."
A principal proposta é
colocar os jogadores em férias coletivas, enquanto todas as
competições nacionais foram paralisadas em razão da pandemia. "Assim,
poderíamos esticar o calendário até o fim do ano. Não sabemos o que vai
acontecer, quanto tempo a temporada vai ficar paralisada."
Pela proposta, os
clubes pagariam 50% do salário das férias neste momento. O restante seria
quitado no fim do ano. Ao fim das férias, caso os campeonatos ainda não sejam
retomados, a alternativa seria orientar os jogadores a fazerem treinos
individuais em suas casas, com o suporte dos clubes. Neste período, eles
sofreriam um corte de 50% na remuneração na carteira de trabalho e
também nos direitos de imagem. O pagamento seria na íntegra caso já pudesse
haver jogos com os portões fechados.
Se a paralisação do
futebol brasileiro se estender além de 60 dias, contando o período
das férias e o primeiro mês ao fim da folga, a proposta dos clubes será de suspender
todos os contratos de trabalho. Segundo Bittencourt, os jogadores seriam
compensados com a extensão dos seus vínculos no futuro em período proporcional
ao tempo parado em razão da pandemia.
O porta-voz dos clubes
explicou ainda que a proposta contaria com dez dias extras de folga,
ao fim do ano, para que os jogadores possam aproveitar o descanso para viajar,
algo não adequado neste momento de quarentena. "Fizemos a proposta,
entregamos para a Fenapaf e esperamos até amanhã (segunda) ou terça uma
resposta", declarou Bittencourt.
Também ao SporTV, Marcus
Salum, presidente do América, aprovou as ideias de Mário
Bittencourt, porém chamou a atenção para a extensão do prazo de combate ao
coronavírus. O dirigente do Coelho acredita que os meses de março, abril e maio
serão preenchidos por campanhas de prevenção à COVID-19, de modo que o futebol
só seria retomado em junho.
“O futebol brasileiro
hoje está passando por um momento difícil. Essa primeira ideia colocada pelo
Mário é boa. Mas mês de março, abril e maio, estão completamente tomados pelo
combate à doença. Talvez em junho haverá alguma luz. Acho que temos que
começar a estudar calendário e outras soluções já pensando num quadro pior.
Temos que desenhar uma realidade um pouco pior e, a partir da
realidade, se as coisas melhorarem, vamos agregando melhores soluções”.
Fonte: mg.superesportes.com.br